27 setembro 2010

Quatro segundos de sua vida foram desperdiçados. Quatro segundos perdidos, ela havia se perdido em tão pouco tempo. Seus olhos caminhavam calmamente entre os rostos ali presentes. Seu riso era facilmente ouvido no local, mesmo misturado com a risada de outras pessoas. O espetáculo estava maravilhoso, os atores muito bons, diga-se de passagem... um sonho, o sonho de um dia estar ali, ouvindo os aplausos do público muito satisfeito.
E como o público aplaudia! Todos adoraram o espetáculo. Palmas e mais palmas, todos de pé, inclusive ela. Com os olhos ainda atentos, e o sorriso estampado no rosto, seu olhar caminhava pelo recinto, pelos atores, pela plateia. Pelo visto não teria sido só ela que teria feito esse ritual com o olhar. Muitas pessoas fazem isso, logicamente. Muitas pessoas, que não foram tão notadas quanto ele... ah, que olhar.
Provavelmente, se tivesse passado um mísero segundo, antes ou depois, seus olhos não teriam se cruzado. Mas exatamente naquele segundo, dois pares de olhos resolveram passear pela plateia e atores. Dois olhares se cruzaram, durante quatro segundos. Quatro segundos de duas vidas com milhares e milhares de segundos para viver. Quatro segundos de suas vidas desperdiçados por uma troca de olhares. Rostos ruborizados, sorrisos tímidos, tudo se percebia por ela, e talvez até por ele. Em pouco tempo ela havia conseguido perceber detalhes que ninguém parara pra reparar.
O salão continuava com movimento e som. O mundo não havia parado para todos. Nem para ela havia parado, apenas não percebido. Seus olhares já haviam se separado, mas a sensação estranha não passou. Como quatro segundos fazem tanta diferença na vida de uma pessoa? Como um tempo tão pequeno pode mudar tanta coisa? Ela não sabia...
Seus pés a levavam para fora do local, e para dentro do carro. Nem palavras ela havia trocado com ele. Mas se sentia tão próxima, e tão distante ao mesmo tempo. Os quatro segundos que havia perdido, desperdiçado, com movimentos repentinos com os olhos lhe custaram muitos outros segundos, com perguntas, com vontades, com mistério.

15 setembro 2010

Primeiro verbo
Primeiro medo
Após a água
Primeira Lágrima

Segundo passo
Porta-retrato, retrata o riso
Segundo o tempo
Maravilhas ao vento

Terceiro sacramento
Beijos, fugas e desejos
Três estações se passaram
Desejos, fugas e beijos

O tempo passou
Segundos tão pequenos pareceram ser
Horas, dias e noites, anos
E eu nem pude ver

Quarta superioridade
Passo ao futuro
Possibilidade infinita
Concretização do próprio mundo

Quinta realização
Momento da junção das almas
Realização interna de um segredo
Bem-vindo ao hereditário

Sexta cor do arco-íris
Vento frio e sem luar
Azul que me leva a escuridão
Fazendo o meu sol não retornar

O tempo passou
Segundos tão pequenos pareceram ser
Horas, dias e noites, anos
E eu nem pude ver

Primeiro verbo
Primeiro medo
Após a água
Primeira lágrima

Poesia de Carolina Holtz, refrão de Clara Nolasco

10 setembro 2010

Poder, poder, poder. É isso que todas as pessoas procuram. É a coisa mais importante na vida de todos, até mais que a felicidade. Estão sempre dando um jeito de passar por cima de qualquer um que seja para chegar ao topo, ter o domínio. Mas quer saber? Isso faz com que eles não tenham domínio nenhum.
Todas as formas de conseguir chegar ao topo, estão sendo mudadas... não importa por quem você passe por cima, o importante é que você consiga o que quer. E quer saber mais? As pessoas podem criticar, dizer que é errado, que isso não se faz, mas elas fazem o mesmo, ou até pior.
Em que mundo nós estamos vivendo? Que mundo é esse, que não importa por quem você passe por cima, o que você faz, e nem nada, o importante é você estar bem. Ou melhor, nem você estar bem, o importante é você estar por cima.
Mas no final, a ironia de tudo isso, é que quanto mais em cima você acha que está, todos estão acima de você.

09 setembro 2010

As vezes não bate aquela vontade de extravasar? Jogar tudo pro alto? Uma vontade repentina de largar mão de tudo e ficar tranquilo, sem problemas? Pois é, mas nem tudo é tão fácil como gostaríamos. As vezes não se tem absolutamente NADA pra fazer, nadica de nada, e bate aquela coisa, aquele tédio, que não cala nunca. E daí reclamamos, porque não temos nada para nos ocupar.
Mas também, quando arranjam coisas para nos manter ocupados, pedimos por um momento de paz... parece que nunca há o meio termo: ou é o tédio total, ou é a loucura, que nos deixa sem tempo para nós mesmos.
O ponto é, nunca estamos satisfeitos com nada! Se não tem nada pra fazer, reclamamos, sem tem coisa pra fazer, reclamamos também... parece que nada está bom para as pessoas. Elas querem sempre mais, mais, mais perfeição. Mais tempo para elas, mas sem deixa-las entediadas. Isso é quase impossível. Decida-se! Uma coisa ou outra... nunca conseguimos tudo que queremos...

01 setembro 2010

Lua
Rua
Madrugada
Uma nova história pra contar
Rumo
Casa
Lar
E eu não sei quando vou voltar
Mar
Um sonho de verão
Amar
Mais do que pode o coração

Eu me perdi
Em certos olhos
Tão doces
Tão doces
Tão doces quanto mel.
Vermelho é o sangue
Que alimenta o meu coração
Que pulsa
Por você.

Devaneios
Exageros
Sonhos
Já não quero levantar
Sol
O dia
Alegria
Vieram me buscar
Um som
De uma música tocou
No tom
Que uma voz apresentou.