Vejo um túnel, me afundo nele. É mole, macio, maleável. Há luzes querendo timidamente adentrar por frestas de mais fino e claro tecido. Conforme me mexo, crio uma ilusão de ótica. Estou caindo na toca do coelho.
Conforme se tira o coelho da cartola e o faz desaparecer ao colocá-lo novamente em um passe de mágica, as ideias se prendem à mente criadora. A imaginação é real. A realidade é vivida em um sonho, mas qual é a verdade?
A verdade é julgada pela mentira, tal qual somos enganados por verdades mentirosas constantemente. Mas e as verdades absolutas? Não existem. Ao afirmarmos tal fato, a regra é quebrada por si só, a vericidade do fato é a exceção.
O túnel é extenso, vejo uma mesa de chá, relógios e ponteiros. Não vejo as horas, os números se foram. Os mesmos por si só são exatos - serão absolutos? Isso nos faz repensar sobre verdades. Deus é absoluto, apesar de sua existência ainda ser revista. A razão explica Deus? Como pode ser absoluto algo que não se sabe a existência?
A fé explica Deus, que por sua vez, explica a própria fé. Os fatos são independentes e se explicam por si só. Mas fé não se dá por razão, muito pelo contrário. "Penso, logo existo"; existimos por que pensamos? E o cenário a nossa volta, de fato é real? Sinto, logo existo, ou talvez eu exista, logo penso e sinto. Ou talvez nada disso seja verdade, afinal minha mente se cansa, mentem para nós.
As luzes se apagam, mas ainda é claro.
Insana ideia de sanidade no mundo. Lúcido é quem sofre por ver toda a verdade. De fato queremos saber? Por que? E depois para onde iremos?
Meus olhos estão cerrados e meu corpo cansado. A dúvida se forma sem pistas da resposta. O que importa? O importante é o que se pergunta.