28 julho 2013

Vejo um túnel, me afundo nele. É mole, macio, maleável. Há luzes querendo timidamente adentrar por frestas de mais fino e claro tecido. Conforme me mexo, crio uma ilusão de ótica. Estou caindo na toca do coelho.
Conforme se tira o coelho da cartola e o faz desaparecer ao colocá-lo novamente em um passe de mágica, as ideias se prendem à mente criadora. A imaginação é real. A realidade é vivida em um sonho, mas qual é a verdade?
A verdade é julgada pela mentira, tal qual somos enganados por verdades mentirosas constantemente. Mas e as verdades absolutas? Não existem. Ao afirmarmos tal fato, a regra é quebrada por si só, a vericidade do fato é a exceção.
O túnel é extenso, vejo uma mesa de chá, relógios e ponteiros. Não vejo as horas, os números se foram. Os mesmos por si só são exatos - serão absolutos? Isso nos faz repensar sobre verdades. Deus é absoluto, apesar de sua existência ainda ser revista. A razão explica Deus? Como pode ser absoluto algo que não se sabe a existência?
A fé explica Deus, que por sua vez, explica a própria fé. Os fatos são independentes e se explicam por si só. Mas fé não se dá por razão, muito pelo contrário. "Penso, logo existo"; existimos por que pensamos? E o cenário a nossa volta, de fato é real? Sinto, logo existo, ou talvez eu exista, logo penso e sinto. Ou talvez nada disso seja verdade, afinal minha mente se cansa, mentem para nós.
As luzes se apagam, mas ainda é claro.
Insana ideia de sanidade no mundo. Lúcido é quem sofre por ver toda a verdade. De fato queremos saber? Por que? E depois para onde iremos?
Meus olhos estão cerrados e meu corpo cansado. A dúvida se forma sem pistas da resposta. O que importa? O importante é o que se pergunta.

26 julho 2013

Ser visto como louco em um mundo insano talvez seja um traço de lucidez.

Aqueça-me




Por que as coisas se complicam? O tempo passa e gera a desculpa de que tudo que antes era simples, agora exige um olhar detalhado. O mundo muda, as pessoas mudam, mas não necessariamente o estresse precisa se fazer presente; mas se faz.
A inocência morre e dá lugar à preocupação. Por que tão preocupado? O olhar de uma criança se transforma, o tempo passa, a mente muda - fica menor. A obrigação de de ser racional nos traz a irracionalidade exacerbada; olhando em seu cubículo. Você vive no mundo dos loucos, mas não precisa se tornar um deles. Nos falta lirismo, vivemos presos em fatos. Nossos relacionamentos são contratos - que se danem os contratos. O que se aproveita quando assiste a vida pela janela? Somos jogados em um mundo adulto onde é proibido sonhar - produza. Somos eternos operários da vida, seguindo um manual destrutível.
Há uma conexão incrível entre seres humanos. Talvez seja magia, ou apenas algum hormônio encontrado no organismo; o fato é que precisamos disso. Não uma necessidade doentia, mas todos precisam de afeto. Somos livres para amar. Amar sem preocupação, amar só por amar. Sem medo, restrição; amor não é contrato.
"Por que metade de mim é amor, a outra metade também".
Há ideias insanas espalhadas pelo mundo, espalhadas pelas mentes. Talvez minha insanidade tenha sumido, levando consigo a poesia - traga-a de volta, não sou nada sem ela.
Não há vantagens em ficar sóbria de ideias, encontro-me em um estado de abstinência. Embriague-me de sonhos, não somos nada sem os mesmos. Os mais belos pesadelos, sinto falta da infância, da inocência. Do contato com o mundo do qual a idade nos priva.
Psicografo ideias mortas e ainda sim tão vivas dentro de mim. Minha lucidez se desfaz com a verdade; há verdade absoluta? Verdades geradas por mentiras, saídas de seu ventre.
A insanidade volta, embriago-me de histórias. A realidade é relativa, o tempo está ao contrário. Veja o contraponto.

19 julho 2013

Olhe em volta agora
O que é que tem nessa
História
Que lhe faz bem?
Talvez seja a forma dada
Em toda poesia encontrada
Que aqui contém

Tudo se transforma em lágrimas
Pranto, água pura
Crava a pele
Nasce amor na alma
Afunda
Perdendo-se castanhos
Em uma profunda calma

O coração que cala, sente
Consente a fala muda
Da solidão
Melhor calar-se em beijos
Um silêncio e aconchego
Deitados no mesmo
Chão

Tudo se transforma em lágrimas
Pranto, água pura
Crava a pele
Nasce amor na alma
Afunda
Perdendo-se castanhos
Em uma profunda calma

A razão escrava
De uma mente livre
De amarras sem fazer
Um nó
Traga o laço, abraço
Abraçando-se tornando
Um
Sem ser só