20 fevereiro 2013

19 fevereiro 2013

"Preciso de um cigarro", ele pensava. A ansiedade que lhe tomava por inteiro era tanta, que nem mesmo sua promessa era forte o bastante. "Preciso de um cigarro", ele pensava. Levantou do sofá que se encontrava afundado a tempo indeterminado e seguiu até o banheiro. Seu organismo suplicava por um cigarro. Lavou o rosto e percebeu que seu nariz sangrava. Lavou mais uma vez o rosto na esperança de o sangue parar de escorrer. Tarefa realizada com sucesso. Andou até seu quarto, colocou uma camisa e uma jaqueta, calçou um sapato qualquer e saiu pela porta da frente.
Ela acordou, e percebeu que estava sozinha. Ele havia saído outra vez. Toda vez era a mesma coisa, saía caminhar pela madrugada e a largava ali, sozinha, sem ninguém para dividir a cama. Levantou, foi até o banheiro, e lavou o rosto. As olheiras bem definidas, abaixo dos olhos, e aquela expressão cansada eram o que acompanhava o rosto da jovem. Foi até a cozinha, e pegou um copo d'água. Sentou-se na cadeira e começou a chorar. As lágrimas corriam soltas, os soluços eram audíveis. Palavras sem nexo saiam de sua boca, ao mesmo tempo que tentava puxar o ar para seus pulmões. Por quanto tempo se seguiu a cena? Não se sabia. Mas as lágrimas não paravam de correr, e saíam com toda a força possível. Parou. Ouviu um som vindo da janela, e seguiu para lá. Olhou para baixo e tudo que se via e ouvia eram vozes alteradas e dois homens se estranhando. Era ele. Pelo jeito havia bebido demais, e pela terceira vez nessa semana havia arranjado confusão. Seguiu para o quarto.
Não entendia muito bem o que o homem ao seu lado dizia, mas para ele as palavras pareciam ofensivas e hostis. Respondeu a altura. Assim se seguiu a confusão. Os vizinhos saíam nas janelas para ver o que acontecia, e os dois homens no chão brigando. Ninguém ousou fazer nada e muito menos chamava a polícia. Esse espetáculo acontecia toda semana e a polícia já havia parado de ir para aqueles lados a muito tempo. Levantou-se do chão, e dessa vez, tudo que conseguiu foi um olho roxo e um arranhão no braço. Nada de mais. Subiu até seu apartamento e abriu a porta. Chamou por ela, mas ninguém respondeu. Seguiu até o quarto e não encontrou ninguém. Ela havia dito que iria... e foi. Acendeu seu cigarro que acabara de comprar. No dia seguinte ela voltaria, ela sempre voltava.
Uma semana e nada. Duas, três, havia mais de um mês e ela não voltou. Dessa vez era definitivo. Ele não acreditava, ou não queria acreditar. A cada semana que passava, se afogava em mais uma garrafa de uísque, e já não era visto sóbrio. Desconhecia essa condição. Em uma noite qualquer, andando pelas ruas, viu uma silhueta conhecida. Era ela. Resolveu ir até lá, mas apareceu uma segunda silhueta, essa masculina, que a abraçou. Pensou em ir até lá mais uma vez, mas percebeu a expressão da jovem. Já não existiam mais as olheiras, o olhar cansado. Ela estava mais bonita que nunca. Ela havia dito que um dia iria... e foi. E ele, teve de aceitar.

17 fevereiro 2013

13 fevereiro 2013

Ah, o que quer de mim?
Se já nem sei quem sou
Assim
O que dirá
Rindo dessa nova ideia
Velha que já vem
Você já tem
Talvez se façam as palavras
Que se sabe
Mas já se cabe
No contexto dessa história
Que lhe segue
Quer eu me entregue
Quer eu lhe diga o que atrasa
O dia já raiou
E a noite que deixou
O sonho
Só não se acabe em nada
Não se engula
Só o deguste e aproveite
Das palavras
E o medo se faz afinal
Quando não se sabe o final
Que lhe espera
A nova era
Só vem pra trazer paz
Agora o tranquilo que me chega
Quer que eu lhe erga
De saber que a eternidade existe

09 fevereiro 2013

Reflexo da mente
Numa constante
Constante mente
Em puro
Impura demais
Caso abrangente
Abrange a fala
Num gosto adstringente
Que me cala
Acesso de loucura
Disritmia
O peito salta
À alma
E a mente vazia
O tempo voa
Meu tempo acaba
Perdi as palavras
Me leve em mente
Me lave a alma
Esqueça a hora
Não se esqueça
De pé em minha frente
Olhos fechados
Então se vá
Melhor é ficar

08 fevereiro 2013

E encontro-me como sempre em frente a uma tela branca e vazia. Um lugar onde escrevo e por assim dizer cubro de palavras onde até então não havia nada. O que isso significa? Significa talvez que esteja aqui pronta para escrever coisas que normalmente não fazem sentido a mais ninguém a não ser a mim mesma. E me pego escrevendo mais um vez sobre o ato de escrever.
De fato a escrita me fascina, mas o que significa quando me prendo a mesma e não encontro um assunto a ser debatido? Debato a todo tempo sobre temas depostos a mim por um segundo ou terceiro, ou as vezes até por mim mesma. De fato achar uma linha lógica ocorre muito melhor quando debatido com uma segunda pessoa, fazendo com que ocorra a maiêutica. Mas não é para dizer sobre isso que venho aqui. O fato é que quando me pego em frente a algo onde não foram depostas ideias ainda, não sei sobre o que escrever ou compartilhar. Isso ocorre o tempo todo.
Meu cérebro funciona vinte e quatro horas por dia, o que significa que ele nunca descansa. Isso é ruim? Não vejo nada de negativo nesse fato, pois novos temas surgem. Mas e sonhos? O que significam os sonhos que temos a cada novo sono? Nosso subconsciente, e mais que isso, nosso inconsciente guarda muito mais do que nossa capacidade pode enxergar. O que é uma pena, pelo fato de não enxergamos 90% do nosso eu. Jung disse que nosso "eu" é como uma rolha boiando num oceano do inconsciente, o que nos faz pensar que há muita coisa no escuro do que iluminada pela luz do nosso pensar consciente.

07 fevereiro 2013

Saiu dos olhos, desceu pelas bochechas, morreu nos lábios. Era assim, uma vinha em seguida de outra e assim por diante. Por mais que quisesse, elas não cessavam, queriam sair a todo custo, mas só quando estava sozinha. Demonstrar fraqueza na frente de alguém? Jamais... mas era assim, quando encontrava-se somente com sua companhia, se tornava fraca a ponto de deixar suas lágrimas caírem livremente de seus olhos. Motivo? Não, muitas vezes não havia um motivo de fato, e talvez fosse isso que a irritasse. Sua cabeça sempre se encontrava a mil, e normalmente os pensamentos intercalavam entre si e a deixava cada vez mais louca. Talvez estivesse de fato enlouquecendo. Ou talvez fosse o fato de não fazer absolutamente nada com sua vida e deixava pensamentos tolos lhe invadirem. Pensamentos sobre si, como é ruim pensar sobre si mesmo... Lutou com as lágrimas, as quais saíram perdedoras, limpou o rosto e deixou toda essa bobagem de lado.

05 fevereiro 2013

"Acredito que se há algum Deus, ele não estaria em nenhum de nós. Não em você ou em mim... mas nesse espaço entre nós... se há algum tipo de magia no mundo, ela deve estar na tentativa de entender e compartilhar algo."
Before Sunrise

04 fevereiro 2013

E nos sonhos é que a gente encontra, e inventa e se reinventa. A criação de nossas mentes sob a perspectiva de nossos olhos. E tudo é confusão.
Temos medo de nós mesmos, pois quando dormimos nos descobrimos, na forma do não saber. E me perco em desejos, medo e fantasia. Mas há momentos em que se mescla com o real. Será que estou sonhando?
Vem, pode entrar
Eu aceito a condição
De te esperar
Toda vez que você sai
Pra não mais voltar
Receba o perdão
De cada dia
Escute bem meu bem
Já não terá isso 
De mais ninguém
Sonhos se passaram
E cada gesto que aguardo
De você
Nem ao menos um olhar
Eu posso ver
A distância que nos separa
Mesmo quando estamos
Perto
Já é sua hora de partir
Mais uma vez lhe espero
Aqui

"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura."
Charles Bukowski

02 fevereiro 2013