26 julho 2011

O sol batia mais forte que em qualquer hora do dia, apesar de estar indo embora, dando lugar a lua, que já deveria estar a espera, anciosa de seu momento naquele céu escuro. A calçada estava meio úmida, pois durante o dia havia chovido um pouco, e o portão no qual estava encostada se encontrava desbotado.
Quem passasse por ali provavelmente tomaria sua atenção a menina que parecia rir com alguma frase de um livro qualquer que estava lendo, com uma expressão um tanto quanto radiante. Era possível algumas vezes ouvir alguma frase jogada no ar, que não parecia ter muito sentido se não soubesse sobre o que se tratava o assunto.
Estava sozinha já a um bom tempo, mas nem vira o tempo passar, se encontrava com sua melhor e mais querida companhia: ela mesma.

21 julho 2011

O que vale mais a pena para cada um? O que realmente é mais importante? A escolha é algo fácil? Para que tantas perguntas? Elas resolvem alguma coisa? Elas nos sobrecarregam? As respostas estão próximas? É fácil encontrá-las?
Eu realmente espero que sim, caso contrário, é melhor me manter longe dos meus pensamentos...
As palavras são a nossa maior e inesgotável fonte de magia.

07 julho 2011

As palavras (Vanessa da Matta)

As palavras saem quase sem querer
Rezam por nós dois
Tome conta do que vai dizer
Elas estão dentro dos meus olhos
Da minha boca, dos meus ombros
Se quiser ouvir
É fácil perceber

Não me acerte
Não me cerque
Me dê absolvição
Faça luz onde há involução
Escolha os versos para ser meu bem
E não ser meu mal
Reabilite o meu coração

Tentei
Rasguei sua alma e pus no fogo
Não assoprei
Não relutei
Os buracos que eu cavei
Não quis rever
Mas o amargo delas resvalou em mim
Não me deu direito de viver em paz
Estou aqui para te pedir perdão

Não me acerte
Não me cerque
Me dê absolvição
Faça luz onde há involução
Escolha os versos para ser meu bem
E não ser meu mal
Reabilite o meu coração

As palavras fogem
Se você deixar
O impacto é grande demais
Cidades inteiras nascem a partir daí
Violentam, enlouquecem e me fazem dormir
Adoecem, curam e me dão limites
Vá com carinho no que vai dizer

Não me acerte
Não me cerque
Me dê absolvição
Faça luz onde há involução
Escolha os versos para ser meu bem
E não ser meu mal
Reabilite o meu coração

04 julho 2011

"Feche os olhos..." uma ordem.
Dois segundos, o tempo suficiente para não estar mais no mesmo ambiente em que se encontravam as outras pessoas. Já me faltava ar, e de qualquer forma eu nem me importava, acabara acostumando com a água em contato com o meu rosto, com a minha pele. Abri os olhos, algum tempo depois, ignorando totalmente a primeira ordem recebida.
Meu primeiro movimento foi levantar lentamente o rosto para visualizar, mesmo que embaçado, o movimento lá em cima. A piscina estava, para a minha felicidade, totalmente vazia. Já fazia algum tempo que eu estava ali mergulhada, e pude perceber que ninguém ainda havia notado... não que eu me importasse, e sinceramente, não me importava. Sentia uma paz...
Percebi então que já havia me movimentado para a direita, e já estava um pouco mais fundo, e de uma certa forma, propositalmente. Percebi um movimento, e algo lentamente se encostando no meu braço.
Um susto, um giro, dois rostos. Afastamento... de minha parte, é claro. O ar já era necessário, já estava começando a me incomodar a falta de som, a falta de "gravidade" digamos assim. Mirei-me da cabeça aos pés. Droga, eu ainda estava com o vestido e com os sapatos. Minha mãe ficaria furiosa...

03 julho 2011

...

Nota

Os seres humanos são atraídos pela lua da mesma forma que as mariposas pela lâmpada.

01 julho 2011

Minha princesa cordel (Gilberto Gil)

Minha princesa
Quanta beleza coube a ti
Minha princesa
Quanta tristeza coube a mim
Na profundeza
O amor cavou
O amor furou
Fundo no chão
No coração do meu sertão
No meu torrão natal
Meu berço natural
Meu ponto cardeal
Meu açucar, meu sal

Ó meu guerreiro,
O teu braseiro me queimou
Ó meu guerreiro,
Meu travesseiro é teu amor
Meu cangaceiro
Que me pegou
Me carregou
Que me plantou no seu quintal
Me devolveu
Minha casa real
Minh'alma original
Meu vaso de cristal
E o meu ponto final

Nossos destinos
Desde meninos dão-se as mãos
Nossos destinos
De pequeninos eram irmãos
E os desatinos
Também tivemos que vivê-los
Bem juntinhos
E os caminhos
Nos trouxeram para este lugar
Aqui vamos ficar
Amar, viver, lutar
Até tudo acabar