24 novembro 2011

...

Alguém gostaria de ouvir o que eu tenho para dizer? Pois bem, sendo assim, não direi nada...

22 novembro 2011

Nefelibata

Nefelibatas são aqueles que vivem nas nuvens, donos de mentes aéreas, imaginativas. Perdem-se em sonhos, mesmo que acordados, entregam-se as suas fantasias, utilizam essa forma de escapismo, evasão, vivem em um mundo próprio. Alheios a realidade, julgam-na enganosa, fruto de um imaginário coletivo. No fundo, tal maneira de viver é fruto de uma profunda insatisfação com este mundo, estimulada por um coração intrinsecamente sonhador. No fundo, somos todos um pouco Nefelibatas.

16 novembro 2011

...

Apenas penso, que as pessoas tem direito de sonhar...

15 novembro 2011

Nem a pouca idade a qual demonstro ter, conseguirá fazer com que eu desista das virtudes dessas linhas. O barco navegará, para contudo, concluir os caminhos dessa vida. E o sol brilhará para quem venceu a guerra. E a tristeza fará parte de uma reza. E nesta dança, sobre andanças, tudo do destino será mais uma trança.

João Leopoldo

09 novembro 2011

Trecho Resumo de Ana

Na manhã do dia em que morreu, Ciro acordou bem disposto e decidiu ir trabalhar mais cedo. Fez a barba que estava comprida, tomou uma ducha no quintal, vestiu uma calça limpa e a camisa branca que rescendia a goma de camomila, foi buscar as sacolas na despensa da cozinha e saiu para a rua iluminada. Anita e as filhas já tinham ido para o trabalho e ele deixou a chave com uma vizinha, que ficou admirada com a sua disposição e lhe desejou boa sorte.
Pela janela aberta do ônibus que fazia as curvas da estrada com os pneus cantando no asfalto entravam as rajadas de vento da antiga represa da light e ainda sentindo o vento no rosto ele desceu no ponto próximo à destilaria clandestina. Espantou-se com a leveza das pernas nas picadas do mato e ao respirar o cheiro das magnólias e das bolas de mamona que estouravam no calor foi sacudido por um choro convulsivo, que saía sem causa visível e era doce e tenaz. Avistou a meia distância o lugar da casa arruinada de Baltazar Fernandes e teve de parar antes de pôr o pé na tábua estreita que dava acesso ao outro lado de um regato. O sol produzia lâminas de luz sob suas botas de borracha e ele recebia aquele instante como uma espécie de trégua. Assistiu a passagem de tudo o que havia vivido e só soube o que aquilo significava quando, no início da tarde, esteve com Anita pela última vez. Antes disso fez as entregas, despediu-se dos clientes mais chegados, no caminho da padaria passou os dedos pelo reboco do mosteiro de São Bento, comprou dois litros de leite e um quilo de pão e abriu a porta da casa ao meio-dia. Tomou um copo de leite na cozinha e foi até o barracão dos fundos para descansar. Anita chegou pouco depois e ao atravessar a soleira percebeu que Ciro estava tendo um enfarte. Ainda foi capaz de desabotoar a camisa empapada de suor, procurou reanimá-lo chamando-o pelo nome e no momento em que ele abriu os olhos e os músculos do rosto se descontraíram, a única coisa que ouviu direito foi uma pergunta - se ela sabia que ele gostava dela...
[...]
... Os muros do cemitério da Consolação, na praça dos Viajantes, foram caiados de ponta a ponta e refletem o sol como um banco de areia. [...] Pelas grades de ferro é possível distinguir uma fileira de túmulos baixos, pintados na base com uma tinha azul-celeste que acentua a cor viva da cal. Quando o caixão é finalmente transportado para o interior do cemitério, agarro uma das alças e constato que o revés não abandonou Ciro até o fim, pois é numa tumba sem lápide que ele some sob a terra e só no dia seguinte chega a notícia de que o corpo foi enterrado na cova errada.

Modesto Carone

08 novembro 2011

...



Como gosto quando
Você olha pra mim, e mesmo sem
Dizer absolutamente nada, consegue
Dizer tudo o que eu quero
Ouvir.

07 novembro 2011

O que posso dizer nesse momento? Não sei bem o que falar. Já lhe passou pela cabeça várias coisas ao mesmo tempo, e nesse próprio tempo de várias coisas, nenhuma frase feita? As palavras voam, o mundo voa diante da gente, mas as frases, os pensamentos, esses querem fugir pra bem longe, e para melhor, fugir bem na hora em que precisamos deles para concluir algo que começa a ser formado, mas nunca, nunca é terminado.
Sim, eu sei que esse pensamento parece um tanto quanto vago, mas é exatamente isso que eu penso, quer dizer, isso é a falta do pensar certo? Pois bem, nem eu mais aguento essas frases - ou não seriam frases? - soltas nesse texto - ou não seria um texto?- desse pensamento - ou não seria...

01 novembro 2011

Minha canção

Dorme a cidade
Resta um coração
Misterioso
Faz uma ilusão
Soletra um verso
Lavra a melodia
Singelamente
Dolorosamente

Doce a música
Silenciosa
Larga o meu peito
Solta-se no espaço
Faz-se a certeza
Minha canção
Réstia de luz onde
Dorme o meu irmão