30 setembro 2012

Parei para olhar agora, e percebi que com mais alguma coisa escrita, esse mês teria dezessete coisas escritas. Não que isso seja importante, mas completar dezessete textos no dia do aniversário de dezessete anos é algo inusitado - ou talvez seja até clichê demais. A questão é que nesse dia, para ser mais precisa às dezoito e quarenta e cinco, fará dezessete anos que nasci. Uma coisa engraçada para se falar, mas achei interessante deixar marcado nesse registro. Não vivi absolutamente nada, mas acho que os adolescentes acreditam ter passado muita coisa. Esse ano é um ano de muita transição, e olha que nem é para a maioridade, mas tudo que se passa, uma nova etapa. Não sei mais o que dizer, era só uma marcação mesmo a se fazer. Um feliz aniversário para mim!

27 setembro 2012

25 setembro 2012

Não sei, talvez tudo esteja passando rápido demais. Ou talvez eu seja muito lenta para assimilar todas as sobras e concretismos que passam em todo lugar. Não quero ficar aqui, não quero ser a pessoa que continua parada mesmo se afogando, ou esperando o fogo queimar. Dê-me pernas. Ou mesmo assim eu ainda seria capaz de continuar sentada no sofá da sala. Não vou ser parte do casal dançando no salão de festas. Não gosto de pessoas.
Tenho essa mania de gostar demais de gente, e assim sigo sem gostar de ninguém. Amo demais, penso de menos. Preciso pensar mais, pesar mais, produzir mais, ter mais, ser menos... ser bem menos.
Se todos seguissem essa linha de raciocínio o mundo seria individualista. Mas veja bem, o mundo é. Me perco em mim mesma quando penso em tudo e vejo os erros cometidos, e vejo que falta gente, e vejo o que faz falta. E onde você está nessa euforia toda? Você deveria estar aqui...

22 setembro 2012

Talvez seja o fato de eu não saber ao certo sobre o que escrever. Talvez seja o fato de esperar algo muito maior do que realmente possa ser feito. Ou talvez não seja nada disso.
O que realmente se espera de agora? Não se espera nada, pois já se sabe que não há de vir nada que seja esperado. O inesperado é o que realmente se espera. O que é irônico, já que esperamos pelo fato de não se esperar nada. Espera, acho que estamos a espera de um milagre.
Milagres não acontecem, ou quem sabe acontecem... há quem não acredite em milagres, há quem acredite até demais. Talvez eu seja cética dos céticos, e não acredite que não se possa acreditar em nada. Mas se acreditamos em algo que não vemos, o que realmente é real? Talvez a realidade seja relativa.
Mas nada é relativo. Tudo que acontece é real... será mesmo que essa realidade é tão real quanto o que penso? E se eu não pensar em nada? "Penso, logo existo", penso, e de certa forma tenho alma. Galinha tem alma? Quanto pesa uma alma? 21 gramas... não, não acho que minha alma pese só isso.
O pensar pesa. Pesa pensar no que não queremos pensar. Pesa sentir. Tudo pesa, e pesamos consequências. Consequências acontecem o tempo todo, pelo fato de pensar... e existir. Esperamos por consequências.
É certo que esperamos por algo que não sabemos, e acreditamos em algo que não vemos, e céticos não são céticos, e esperamos por consequências que nem chegaram. Há quem viva no passado... saudosismo... há quem viva no futuro... quero meu presente. Quero meu agora.

21 setembro 2012

Meus olhos o observaram passar. E passou. Não olhou para mim, não virou o rosto, não mudou a expressão, apenas passou. Assim como todos passam, assim como tudo passa.
Seus olhos abriram e a fitaram. Parecia confuso. Como alguém tão pequeno parecia tão esperto? Parecia que já sabia tudo que diziam a ele, como se entendesse tudo que lhe mostravam. Como conseguia?
Abriu a janela do carro, e apenas disse "desculpe, estou sem trocado", e o que recebeu foi algo como "obrigado, Deus te abençoe". Seguiu seu caminho quando o semáforo mostrou o sinal verde, e chegou na empresa mais ou menos as oito horas da manhã. Bateu seu cartão, sentou em sua mesa, e passou o resto do dia na frente de uma tela de um computador, apenas vendo números e finanças.
"Eu te amo", "Ah, obrigada"...
"E esse calor? Será que nunca vai embora? Não aguento mais.... (depois da chuva)... E essa chuva? Nunca vai passar? Daqui a pouco minha casa inunda, não dá pra fazer nada!"
Você passou, e voltou, e olhou, e cumprimentou. E eu sorri, e você sorriu, e seguiu seu caminho, e segui meu caminho...

16 setembro 2012

Olhei, senti
Gostei, prossegui
Voltou, mexeu
Ganhou, permaneceu
Procurei, admirável
Interroguei, amável
Conversamos, fomos
Brincamos, de novo
Rir, olhar, morder, flertar
Beijei, senti, cheirei, gostei
Amou?
Amei
A última canção tocou
E o salão todo esvaziou
Pra ver a roda que formou
Ao lado de fora, tudo girou
E não se ouvia palavra alguma
E não se via alma nenhuma
Apenas a dança dos dois que sobraram
Mas nem o sol resiste
A tempestade que insiste
Em varrer tudo que lembra
Tudo que a atormenta
E nada fez para se provar
Que dessa vez iria acabar
E nem deu chances para recomeçar

13 setembro 2012


CAMARIM

No camarim as rosas vão murchando
E o contra regra dá o último sinal
As luzes da plateia vão se amortecendo
E a orquestra ataca o acorde inicial
No camarim nem sempre há euforia
Artista de mim mesmo nem posso fracassar
Releio os bilhetes pregados no espelho
Me pedem que eu jamais deixe de cantar

Caminho lentamente e entro em contra luz
E a garganta acende um verso sedutor
O corpo se agita e chove pelos olhos
E um aplauso escorre em cada refletor
Pisando esta ribalta, cantando pra vocês
De nada sinto falta, sou eu mais uma vez
As rosas vão murchar, mas outras nascerão
Cigarras sempre cantam, seja ou não verão

12 setembro 2012

E se fugíssemos para a França? Mon amour, poderíamos comer todos os croissants de Paris, e dançar na chuva. Paris deve ser bela na chuva...

09 setembro 2012

As coisas põe medo o tempo todo. Ou talvez sintamos medo do que não existe. Ou acreditamos em algo que não vemos. E os céticos acreditam que tudo isso é besteira. Talvez eu seja cética dos céticos, e não acredito que alguém possa não crer em algo que não vê.

08 setembro 2012

Do Amoroso Esquecimento

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mário Quintana

07 setembro 2012

Ei seu moço, não leve embora assim
Não quero ficar longe não
Daquilo que é tão importante pra mim
Ei seu moço, já não ouviu a porta bater?
Acho que tão precisando de ti
É melhor correr
Ei seu moço, não me leve pra prisão
Nunca teve um sonho?
Tenho direito a uma explicação
Ei seu moço, acho que ele foi embora
Está disposta a se sentar
E ouvir a minha história?

Ei minha mãe, não quero ver o dia clarear
Não estou disposta
Não tenho forças nem pra levantar
Ei meu pai, não me force tomar café
Não estou num dia bom
Acho que está me faltando fé
Oi seu padre, me mandaram para cá
Acharam que não estou bem
Não sei nem por onde começar
Mas seu padre, quer me fazer rir?
Sei que não está nos seus planos
Não é melhor eu já ir?

Ei seu moço, o senhor lembra de mim?
Estive aqui por esses dias
Pra comprar dramim
Mas seu moço, que bom que se lembrou
Vou te dizer uma coisa
Foi o senhor quem mais me ajudou
Ei seu moço, sua mulher está aí?
Ela me fez um chá
Tem como eu retribuir?
Mas seu moço, passei mesmo foi pra agradecer
Já estou indo pra minha casa
Saí mesmo foi pra espairecer

05 setembro 2012

Sinto como se fosse fácil não demonstrar ou falar sobre assuntos que as vezes preferimos que fiquem ocultos. Ou as vezes preferimos não falar sobre nada que lembre algo. Ou quem sabe a gente já tenha esquecido coisas que gostaríamos realmente esquecer. Não acho que seja isso...
Prefiro mudar de assunto, se não se importa, já que há assuntos que prefiro não falar com ninguém, muito menos comigo mesma. Vamos acreditar que tudo sempre esteja bem, afinal, pessoas não estão bem graças a problemas muito maiores, nesse caso tudo que tenho não passa de uma grande besteira, vendo de algum ângulo de quem está totalmente fora do assunto. Para a minha própria pessoa não passa de algo sem importância, ou talvez tenha uma importância inconsciente. Com o que a gente ama? Com o coração ou com a cabeça? Sinto dizer que sou emocional e todos os pontos, e me sinto sensível a várias coisas que muitas pessoas não são sensíveis, mas não estamos aqui para falar de mim, e sim responder a essa pergunta. A resposta seria: com a cabeça. Sim, o cérebro. A questão é que tudo está no nosso cérebro, mas algo que não podemos explicar é que quem sofre é o coração. Mas graças ao cérebro que manda essa mensagem para o coração dizendo: sofra!
Sofrer é uma palavra tão forte, talvez eu nunca tenha sofrido realmente na minha vida. Na realidade, mesmo sendo emocional ao extremo, acho que quero tanto ser racional, que acabo tendo atitudes como tal. Irônico dizer que um desabafo vindo assim não é muito esperto de minha parte, mas as vezes o melhor a se fazer é apertar um botão que eu costumo chamar de foda-se... A questão é que se não falo nada com ninguém, já que não acho necessidade, as vezes escrever é o melhor remédio, e se por algum acaso as pessoas souberem, problema delas. Mentira, exposição não é uma coisa muito boa. Em todo o caso, mudo de assunto e pergunto como vai você? Vamos esquecer tudo que escrevo, afinal nem parei para ler o que eu escrevi de fato. Mas sobre o que falávamos mesmo? Sobre música talvez... música é um bom assunto, ou quem sabe seria melhor falar sobre teatro. A arte em geral me fascina, e acho que estou implantada nesse ambiente e não conseguirei mais sair. Mas que tal caminhar sem um destino? É uma ideia da qual deve ser pensada.
Gosto de mudar de assuntos várias vezes, e penso que é uma ideia muito boa. A questão é que não quero pensar em nada, tenho provas, tenho coisas mais importantes para me preocupar, ou melhor, não acho importante me preocupar com nada. Acho uma boa ideia acharmos outro assunto...

04 setembro 2012

Ei, você
Já faz quanto tempo que a gente não se vê?
Você ainda se lembra de mim?
Sou eu, sou eu
Você nem deve mais se lembrar
Já faz tempo que eu te disse que não ia mais voltar
Mas cá estou
Aqui

O trânsito não ajudou
E a rodoviária pelo visto já lotou
E o preço do ônibus subiu
Foi por isso que ainda ninguém me viu
Pelo visto a marginal fechou
E eu só vejo os bancos que a gente já ficou
Aquele dia que fui embora a pé
Pois é

A cidade continua igual
Só estive aqui para o natal
Mesmo insistindo pra que eu ficasse para o carnaval
O tempo de eleições já passou
E eu só me lembro do pneu que o Crespo trocou
Talvez seja notícia de jornal
Se bem que hoje em dia tudo está banal

O trânsito não ajudou
E a rodoviária pelo visto já lotou
E o preço do ônibus subiu
Foi por isso que ainda ninguém me viu
Pelo visto a marginal fechou
E eu só vejo os bancos que a gente já ficou
Aquele dia que fui embora a pé
Pois é

03 setembro 2012

Gosto dos ombros. Gosto da nuca. Gosto da maneira que se é desenhado o colo das pessoas onde se aparece o contorno do osso. Gosto das costas. Gosto da silhueta que é feita entre o começo a nuca até o fim das costas. Gosto de abraço. Gosto da pele.
Gosto das mãos, dos pés. Amos pés, eu simplesmente sou apaixonada por pés. Do formato, da forma com que ficam firmes no chão. E as mãos... O desenho dos dedos, o dedilhar. A maneira com que se entrelaçam entre si. Anéis.
Gosto dos olhos. Não importa se sejam azuis, verdes, castanhos, pretos, ou qualquer outra cor. Os olhos nos passam segurança, ou assim deveriam passar. Gosto de orelhas. E de mordê-las, de preferência. Gosto de narizes... Dos desenhos dos narizes. Os desenhos mais particulares são os dos narizes.
Por fim, gosto das bocas, dos dentes, das línguas. E mais ainda, dos lábios. Os lábios são o que temos de mais bonito. Não, o sorriso é o que temos de mais bonito. Mas em seguida vem os lábios.
Mas a moral de tudo isso, é que na realidade, eu realmente gosto de pés...

Epílogo

Não, o melhor é não falares, não explicares coisa alguma. Tudo agora está suspenso. Nada aguenta mais nada. E sabe Deus o que é que desencadeia as catástrofes, o que é que derruba um castelo de cartas! Não se sabe... Umas vezes passa uma avalanche e não morre uma mosca... Outras vezes senta uma mosca e desaba uma cidade.

Mário Quintana