As lágrimas caem em poças sem que sejam repreendidas. Por que caem? Tudo se desfaz como um breu... a escuridão engole a vida, engole tudo que lhe vem, tudo o que quer. A solidão se faz, o silêncio vem consigo mesmo. Pegue essa solidão e dance, dance em passos lentos, dance em passos rápidos. Lagos de lágrimas e lágrimas em lagos, lagoas e água.
A água vem me prendendo cada dia, a cada dia me afogo, me afago em si, me afogo em mim, perdida num universo sem razão aparente. Não vejo uma luz, que luz haveria de ter? Quais as chances de sorrir sem propósito? Não consigo ter uma visão Poliana, talvez seja assim mesmo o pessimismo; mas por que diabos digo isso tudo? Não há razão aparente.
Sufoco com tanto ar que existe, sufoco em câmaras, vejo-me aqui, em uma bolha. Por que não fugir? Talvez seja uma solução, mas de que adianta viver uma vida fugindo, fugindo de tudo que sente? Não postergue a vida, não postergue a si mesmo. Talvez tudo seja generoso demais, mas por que penso tudo isso? O que de fato me leva a pensar? Por que pensamos? Por que sentimos? Sinto que sinto, sei que sei e assim se segue tudo. Amor que há em mim, um rio de amor, um rio de medo. Um rio de insegurança.
Insegura de se segurar em si, de aprender os passos do que de fato é viver. Medo de saber que vive e que tudo isso um dia acaba. Nos libertamos daquilo que nos prendemos. Sou livre, talvez não seja. Sou livre pra escolher, escolho ser livre ao lado de outro ser livre e assim tornando-se um ser, livre de todo mal.
A chuva cai, os pingos vem. Na noite há luz, mesmo que longe. Assombra-me a ideia de que todos os dias há dia e noite, por que não mudar um pouco? Mas afinal o que estou dizendo? Não digo nada dizendo muito, há quem diga tudo sem ao menos palavras usar. As palavras dançam diante de mim, há dança em solidão. Aproveito o tom do silêncio, e me pergunto se de fato sei o que faço ou o que quero fazer. Por que escolher? Quais as chances das escolhas? Dons existem? Não sei se de fato tenho algum dom. Insegura, insegura de si - mais lágrimas.
Minha fé se desfaz à mim mesma, não sei qual meu propósito. Talvez eu tenha medo dos caminhos, mas de qualquer fato escolho algum. Não há porque viver amorfa de uma vida de aventuras. Um sonho de se aventurar e estática ao quesito de fazer algo. Sonho contigo, sonho com o agora, que esse agora não termine. Não tenha medo. Ou tenha, o que é natural. Natural, a natureza não erra. Existe de fato certo e errado ou apenas interpretações? Escolhas, escolha de escolher o que pode ser escolhido.
E com um ponto finalizo a ponta de alma que deixo perdida ou guardada nessas linhas mortas, com uma alma viva, um coração pulsante, uma alma amante, um sonho ou talvez apenas um corpo e uma mente vazia, ou cheia de ideias, apenas um fim, ou um ciclo.