29 agosto 2013

Mantenho os olhos firmes, mantenho os pés firmes, mantenho a alma firme. Desabo em camadas como um castelo de cartas, dentro de mim, mas mantenho-me em pé aparentemente. Como esforço-me para manter a coluna ereta, não posso dormir apenas um segundo? Ou algumas horas? Ou alguns dias? Ou alguns anos? Apenas cerro os olhos na esperança de fugir de meu próprio pesadelo. Mas que ideia! Fugir de um pesadelo dentro do próprio inconsciente. Estupidez.
Abrace-me agora por hora, imploro a ti. Não me deixes aqui, sozinha comigo mesma, somos inimigos de nós mesmos. Talvez eu precise tirar férias de mim, só um pouco, só para descansar. Minha mente se mantém confusa, não ouço mais as vozes de fora. Como gostaria de viver do ócio... apenas deitar-me em minha cama ao seu lado e olhar bem no fundo dos teus olhos. E olhar no fundo dos meus olhos. Apenas deitar-me.
Quero fugir, fugir daqui, fugir do mundo, fugir de mim. Mantenha-me de pé, imploro a mim mesma. Apenas mais um pouco, só mais um pouquinho. Desabo como uma onda na rocha... mas me mantenho em pé. É necessário. Tudo passa, o sufoco passa e logo eu posso respirar. Apenas me abrace e não me deixe, é esse sorriso que me traz a paz.
Abrace-me agora e não solte, fiquei aqui só mais um pouquinho, passe a noite comigo. Posso olhar em seus olhos e me perder de todo o resto, só por um instante. Paraliso o nosso tempo, agora é o nosso agora.
Beije-me, afaga-me em seus lábios, acolha-me em seu colo. O sentimento é imenso, transborda em finas lágrimas, deixa um tom febril.
O medo vem, mas não é eterno, não quero te perder. Fique o tempo que quiser, não me incomodo. Pelo contrário, faz-se um sorriso em minha face com a sua presença.
Amo-te pelo que és, amo-te assim, baixinho. Amo-te apertado, amo-te por completo. Completa minha loucura, um tanto louca por ti.
Somos canibais de nós mesmos. Não comemos a carne, mas sugamos a alma...

15 agosto 2013

14 agosto 2013

Vermelho amor que vem
Levo o leve avermelhado
Avermelho-me assim
Para o amor me ver melhor

12 agosto 2013


Fora abandonada ali, em um lugar qualquer. Como iria saber onde estava, se nem bem ao certo sabia como havia parado ali? Sua cabeça revirada em páginas que se perderam no tempo em que estava em seus sonhos. Como sair? Como chegar à saída de algum lugar que nem ao menos havia uma entrada? Olhava ao seu redor e apenas via um deserto de esperanças despedaçadas, pedaços de almas partidas, tudo no sentido mais literal da palavra. Pedaços do que parecia ser uma mão de vidro, uma perna, um braço, um rosto. Duas faces, três, quatro, e quanto mais andava, mais faces sem cor apareciam enterradas na areia branca. Como alguém poderia abandonar uma criança tão pequena num lugar desses? Sentia medo, sentia frio, sentia fome. Chorou sozinha, chorou sem ser ouvida, chorou só por chorar. Dormiu. Acordou com o sol invadindo seus olhos, respirou bem fundo e percebeu...

06 agosto 2013

A alma é tão imensa... cabe nesse pedacinho chamado corpo. Uma capsula que prende a si, uma caixa que protege. Que coisa elástica a alma, infinita e tão pequena, cabe aqui na palma da mão, cabe aqui na minha pupila, cabe aqui nesse espaço. Mas será que cabe mesmo? A alma é louca pra sair, procurar o seu lugar com outras almas, procurar se encostar em outras almas, alma e alma. Procura amar uma alma que não é alma sozinha, é alma de amor. é alma de amar. Um corpo que prende a si, uma face tão diferente de outra que nem forma tem, é infinita. Um universo dentro de mim, um universo dentro de ti. Mas como é imensa a alma...

05 agosto 2013

As lágrimas caem em poças sem que sejam repreendidas. Por que caem? Tudo se desfaz como um breu... a escuridão engole a vida, engole tudo que lhe vem, tudo o que quer. A solidão se faz, o silêncio vem consigo mesmo. Pegue essa solidão e dance, dance em passos lentos, dance em passos rápidos. Lagos de lágrimas e lágrimas em lagos, lagoas e água.
A água vem me prendendo cada dia, a cada dia me afogo, me afago em si, me afogo em mim, perdida num universo sem razão aparente. Não vejo uma luz, que luz haveria de ter? Quais as chances de sorrir sem propósito? Não consigo ter uma visão Poliana, talvez seja assim mesmo o pessimismo; mas por que diabos digo isso tudo? Não há razão aparente.
Sufoco com tanto ar que existe, sufoco em câmaras, vejo-me aqui, em uma bolha. Por que não fugir? Talvez seja uma solução, mas de que adianta viver uma vida fugindo, fugindo de tudo que sente? Não postergue a vida, não postergue a si mesmo. Talvez tudo seja generoso demais, mas por que penso tudo isso? O que de fato me leva a pensar? Por que pensamos? Por que sentimos? Sinto que sinto, sei que sei e assim se segue tudo. Amor que há em mim, um rio de amor, um rio de medo. Um rio de insegurança.
Insegura de se segurar em si, de aprender os passos do que de fato é viver. Medo de saber que vive e que tudo isso um dia acaba. Nos libertamos daquilo que nos prendemos. Sou livre, talvez não seja. Sou livre pra escolher, escolho ser livre ao lado de outro ser livre e assim tornando-se um ser, livre de todo mal. 
A chuva cai, os pingos vem. Na noite há luz, mesmo que longe. Assombra-me a ideia de que todos os dias há dia e noite, por que não mudar um pouco? Mas afinal o que estou dizendo? Não digo nada dizendo muito, há quem diga tudo sem ao menos palavras usar. As palavras dançam diante de mim, há dança em solidão. Aproveito o tom do silêncio, e me pergunto se de fato sei o que faço ou o que quero fazer. Por que escolher? Quais as chances das escolhas? Dons existem? Não sei se de fato tenho algum dom. Insegura, insegura de si - mais lágrimas.
Minha fé se desfaz à mim mesma, não sei qual meu propósito. Talvez eu tenha medo dos caminhos, mas de qualquer fato escolho algum. Não há porque viver amorfa de uma vida de aventuras. Um sonho de se aventurar e estática ao quesito de fazer algo. Sonho contigo, sonho com o agora, que esse agora não termine. Não tenha medo. Ou tenha, o que é natural. Natural, a natureza não erra. Existe de fato certo e errado ou apenas interpretações? Escolhas, escolha de escolher o que pode ser escolhido.
E com um ponto finalizo a ponta de alma que deixo perdida ou guardada nessas linhas mortas, com uma alma viva, um coração pulsante, uma alma amante, um sonho ou talvez apenas um corpo e uma mente vazia, ou cheia de ideias, apenas um fim, ou um ciclo.

O bilhete de loteria da vida é a morte. Vivemos para morrer, nascemos condenados a morrer. A cada dia morremos mais um pouco, a cada dia chegamos mais perto da liberdade. Somos prisioneiros nesse plano, seguindo normas e regras que muitas vezes não fazem sentido. Qual o propósito de tudo isso?
O que é memória?- Água.
A memória é como a água, está ali. As vezes temos lembranças de lembranças, partes de memórias.
A memória se renova e ao mesmo tempo continua a mesma, como o movimento da água.
As perspectivas mudam, as lembranças existem.

02 agosto 2013