21 janeiro 2011

Pude ver seus pés descansando no chão frio, os lábios trêmulos por causa do frio, os olhos... lágrimas transbordando pelos olhos escuros. Aquela visão me tocou de uma forma, e eu não podia fazer nada para ajudar... Aquela criança, sem pai nem mãe, sem uma pessoa sequer.
Pensei em continuar andando, mas deixá-la ali sem nada era covardia. Havia uma padaria aberta, bem perto dali, comprei um pouco de pão e uma barra de chocolate, afinal, que pessoa não se animaria com chocolate? Caminhei em direção a garotinha, e percebi que ela se encolhia cada vez que eu chegava mais perto dela. Parei! As palavras que sairam de minha boca parece ter reconfortado um pouco mais a pequena, pois ela saiu um pouco do seu estado de defesa e passou a me olhar fixamente... "Calma, não vou machucar você... sou amiga", e dizendo isso caminhei um pouco mais para perto dela, e dessa vez ela não fez nada para me deter.
Sentei ao seu lado com a sacola na mão, e ela me pareceu um tanto quanto curiosa para saber o conteúdo. Ri! Abri a sacola e peguei um pão, estendendo para ela, que não fez nenhuma cerimônia em aceitar e colocou o pão quase que inteiro na boca... ela parecia com muita fome. Depois de ter comido o pão, estendi a barra de chocolate, e os olhos dela brilharam com a visão que tinha. Comia devagar, como se tivesse apreciando algo raríssimo...
Um tempo depois, ela estava deitada, com a cabeça encostada em uma das minhas pernas, encolhida... eu não podia ficar ali a noite toda, mas antes de sair, tirei meu casaco e coloquei sobre ela. Um casaco a menos não me faria falta... e ela parecia precisar mais que eu. Me levantei e quando estava de partida, percebi que ela acordara. Só pude ver o pequeno sorriso entre os lábios e ouvir a voz da pequena "Brigada moça". Aquilo foi um gesto muito simples, mas tive uma noite muito mais tranquila... me sentia bem!

Eu te amo - Chico Buarque

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir...

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir...

Se nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo sair...

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do meu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu...

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair...

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir...

17 janeiro 2011

12 janeiro 2011

As faces se viraram ao mesmo tempo, entre outras tantas faces... os olhos se viraram no mesmo momento, se encontrando no meio de tantos outros olhares. Seus corpos se moveram em movimento ritimado, em frente a si próprios...
Nada foi percebido entre as outras pessoas no local. Os rostos sem expressão, sem tempo para se ver, sem tempo para viver, sem tempo para sentir...
E os olhos dos dois continuavam a se fitar, como se estivessem hipinotizados pelo calor, pelo perfume, por coisas não captadas pelos rostos sem expressão. A aproximação repentina, captou olhares de mais quatro pessoas, que por alguma razão, ou força do destino, se cruzaram entre si, e o movimento efetivado pelo casal anterior foi repetido, captando atenção de mais pessoas. E assim, como em uma coreografia formada pelo acaso, não se era mais percebido a falta do sentir, pois todos estavam sentindo algo que não era possivel ser explicado...
E a coreografia continuou, até estarem cansados o bastante para não perceber a existência de si próprios no local...
E dois olhares se separaram, como se não se conhecessem, como se não ligassem pelo outro existir... e mais quatro olhares se separaram, como se fossem indiferentes pelo movimento no local... e assim, em sequência, olhares se separaram como se não tivesse acontecido o que aconteceu, e continuaram suas vidas monótonas como se não lembrassem de um dia ter vivido de verdade...

Namastê!

Que seu Deus interno seja louvado...

11 janeiro 2011

O sonho pode ser real... a realidade que acreditamos talvez seja um sonho...

Teoria do Caos

Algo tão pequeno como o vôo de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo.

07 janeiro 2011

...

O fechar dos olhos
Ao sonhar...
Mergulhei no mar azul
De uns olhos tão intensos,
Então... rumei ao sul...

O inverno rigoroso, tão impiedoso
No meu corpo ao chão...
O vento corta o rosto pálido...
Um corpo, um coração...

As faces cinzas, sem vida, sem cor
Sem cor, sem cor
Passando pelas ruas sem vida, sem cor
Sem cor...

Meus olhos não me enganam
Ao fitar um rosto, um sorriso
Ao fitar a cor, o calor, o amor...
Ao fitar o amor...