22 julho 2012

É preciso se acalmar... por que tanta inquietude? Respirar lenta... lentamente. Ouvir tudo que o corpo tem a dizer, a dizer a ti. Deixe-me dizer a ti porque ando tão inquieta. Só quero a calma, a calma que me trás. A calma que me trás saber que a inquietude vai embora uma hora, isso me acalma.
Os olhos, talvez... talvez os olhos não se percam mais de vista, talvez mudem a vista para um outro ponto. Ponto de paz, a paz que me inquieta. O ponto. O ponto onde quero chegar, chegar logo ao ponto. Meu ponto de partida, voltei atrás, regredindo, me agitando, perdendo o foco, perda da visão. Minha visão anda embaçada, meu foco é desfocado, isso me inquieta. Voltei onde parti. Voltei ao ponto do qual quero me desapegar.
O desapego sempre foi amigo, meu apego. Que me ajude a me desapegar dessa inquietude, e me faça apegar na calma que me trás saber que tudo isso um dia acaba.

21 julho 2012

POIS É

Pois é, não deu
Deixa assim como está sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
Avisa que é de se entregar o viver
Pois é, até
Onde o destino não previu
Sem mais atrás vou até onde eu conseguir
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor no olhar

17 julho 2012

15 julho 2012

Tenho uma confissão a fazer. Uma confissão que não faço com pesar, o que faz com que tudo seja leve, talvez a vida devesse ser mais leve. Talvez eu me sentisse menos artista, talvez eu não estivesse respirando corretamente. O que me faltou talvez fosse o ar, fosse a ar-te. Talvez eu tivesse sido mais namorada, mais estudante, mais filha, mas, menos artista. Menos eu.
Talvez o prazer não fosse mais tão importante, pois a responsabilidade sempre tem prioridade. Bom, o prazer faz falta, na realidade o que mais faz falta sou eu mesma. Um tempo, o meu tempo, um tempo meu. Tudo é passageiro, todos são passageiros, as coisas mudam, a gente muda. Não sou passageira para mim mesma, terei que me aguentar para o resto da vida, preciso de uma relação saudável comigo mesma. Talvez fosse isso que faltava. Talvez eu precisasse me fazer feliz. Talvez eu sinta falta do artista. Não há mais talvez, há certeza. Certeza da saudade. Da saudade do artista. Da artista. Saudades de mim.

13 julho 2012

12 julho 2012

Medo... talvez, apenas talvez, as máscaras caem.
Elas caem, e vestimos o medo. 
O medo se pode vestir? O medo nos veste.
Talvez nos vista, por nos despir.
Talvez, talvez nós mesmos nos abrimos para a possibilidade de vestir o medo. 
Pois o medo faz com que tudo que até hoje serve de - armadura - não dure mais.
Talvez eu tenha medo do medo.
Sinto medo de sentir medo.

10 julho 2012

Odeio admitir que sinto falta... o tempo todo. Não admitir para as pessoas, essas nem penso em comentar sobre o assunto que é posto na mesa, mas para mim. Por um tempo é fácil colocar as coisas embaixo do tapete, ou da cama, mas tudo se acumula, porque na vida, tudo realmente se acumula. Uma hora transborda, e você vê todo seu esforço indo por água a baixo. Seria o momento perfeito para se resolver, mas como nada é perfeito, ou melhor, as pessoas não são perfeitas, a gente prefere escolher um outro lugar que caiba nossa bagunça. E acumula mais confusão para a cabeça. E aquilo transborda... de novo. E durante muito tempo você tenta arranjar locais estratégicos para esconder aquele amontoado de coisas, ou em outras palavras, tenta adiar todos os problemas que finge não ter. Odeio admitir para mim mesma que ainda faz falta, mas por quanto tempo mais vai fazer falta? Ainda estou colocando minha bagunça embaixo do tapete.

09 julho 2012

RATO (Hygiene)

Rato, rato, rato
Por que motivo eles te escondem no baú?
Rato, rato, rato
Estardante da América do Sul.
Rato, rato, rato
Eu hei de ver o teu dia triunfal
A ratoeira que enguiça e consiga
Te libertar pro Carnaval.
Quem te inventou?
Foi o progresso, não foi outro, podes crer
Quem te gerou?
A monarquia um pouco antes de morrer
Quem te criou?
Foi a ganância penso eu
Rato, rato, rato, rato
O camarada dos plebeus.
Quando a ratoeira enferrujar
Saia da toca e invada as ruas
A cantar nosso clamor.
Rato querido, bem-amado, roedor
Rato amigo, me livrai deste horror
Propaga pelo mundo
O teu quim-quim,
No dia da minha morte
Por favor chores por mim
Vou provar-te que o mal
É a ordem e o progresso
Da bandeira nacional.

07 julho 2012

Estou cheia de tudo
Estou cheia de pessoas
Que me enchem a cada dia
Que não deixam que o copo
Não se encha...
Que vazio!
Um vazio que esvazia a cada
Vez que deixam de me encher...
Que meu corpo não esvazie
Mesmo que eu me encha de você.
Que a alma se esvazie cada vez
Que alguma coisa a encher de
Coisas que só servem para
Encher a paciência
E que deixam todo o resto
Se esvaziar devagar
Um vazio lentamente...
Estou cheia!
Cheia de maneiras de não
Deixar que o vazio se esvazie
E me esvazie cada vez...

03 julho 2012

02 julho 2012

"Olha, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói, que é horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo: arde, depois passa. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. A gente acha que não vai aguentar, mas aquenta as dores da vida. Pense assim: agora está insuportável, agora você quer abrir o zíper, sair do corpo, encarnas numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou, agora já são dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que há duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você devia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já está lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traqueia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo para ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. Como cantou Vinícius: "É melhor viver do que ser feliz". Porque para viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar, e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado para trás, cai. Dói, eu sei como dói. Mas passa. Está vendo a felicidade ali na frente? Não, você não está vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la para trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar."

01 julho 2012

Deixe-me chorar se for necessário, deixe-me chorar em paz. Não peça meus sorrisos a todo momento, nem que eu fale abertamente e loucamente com todos. Não consigo fingir tão bem quanto gostaria.
Não peça-me para ser firme durante todo o tempo. Há um limite onde consigo demonstrar que estou bem, mas há coisas que estarão guardadas nessas horas. E eu sinto meu estômago torcer em um grande nó.
Gosto da saudade, mas não quando eu sei que é uma saudade que só vai acabar quando meu choro passar e não quiser mais voltar. Não gosto de finais. Não gosto de admitir que não gosto de finais. Não gosto de chorar.
Mas ao menos, deixe-me chorar por hora, porque tudo é preciso, o tempo é preciso, o choro é preciso, a dor é preciso. As coisas são passageiras, aliás, tudo na vida é passageiro.Vai passar, quem sabe. Tudo passa. Mas por hora, deixe-me chorar tudo que tenho para chorar...