11 setembro 2013

Ele deleita-se em seu leito, na calma noite, solidão.
Ela afaga a saudade em lágrimas livre, no chão.
O cruzamento de seus olhos, no imaginário verso eles são.
Amantes deles dois, guardando amor em sua razão.
Suspiro, esperam a noite lhes tocar na união.
Agora presos andam, livremente em um único coração.

05 setembro 2013

Afundo-me na água. A calma preenche-me por completo, preenche meu corpo, a alma. A água calma, mansa, amansa a imensidão escura do espírito, clareia, leva luz ao sorriso.
As lágrimas misturam-se consigo mesmas, enchendo a água clara. Os braços cobertos e livres, uma liberdade presa ao meio. Sinto-me mais livre que em terra firme, flutuo e voo sem o ar. Talvez voe em outro lugar no mesmo momento em que mergulho. O mergulho no espelho... sem ar.
Olho o reflexo. Redondo, azul. Nado pelo universo, mas o universo é água? Através do espelho vejo-me afundando em algo parecido com a piscina de casa. Onde estou afinal? Afundo em minha mente.
Uma porta se abre, e caio no abismo, caio em Deus. Mas se Deus está no espaço entre alguém, caio no espaço? Perco-me assim, sem nada mais dizer. O limbo parece preenchido do nada, transbordando no todo, engolindo. Engulo minha mente e livro-me da dor. Torno-me ignorante. Mais dor. Prefiro a dor do pensar mais, e não viver da feliz fantasia da ignorância.
Mergulho n'água, quiçá acorde em minha cama.

03 setembro 2013

29 agosto 2013

Mantenho os olhos firmes, mantenho os pés firmes, mantenho a alma firme. Desabo em camadas como um castelo de cartas, dentro de mim, mas mantenho-me em pé aparentemente. Como esforço-me para manter a coluna ereta, não posso dormir apenas um segundo? Ou algumas horas? Ou alguns dias? Ou alguns anos? Apenas cerro os olhos na esperança de fugir de meu próprio pesadelo. Mas que ideia! Fugir de um pesadelo dentro do próprio inconsciente. Estupidez.
Abrace-me agora por hora, imploro a ti. Não me deixes aqui, sozinha comigo mesma, somos inimigos de nós mesmos. Talvez eu precise tirar férias de mim, só um pouco, só para descansar. Minha mente se mantém confusa, não ouço mais as vozes de fora. Como gostaria de viver do ócio... apenas deitar-me em minha cama ao seu lado e olhar bem no fundo dos teus olhos. E olhar no fundo dos meus olhos. Apenas deitar-me.
Quero fugir, fugir daqui, fugir do mundo, fugir de mim. Mantenha-me de pé, imploro a mim mesma. Apenas mais um pouco, só mais um pouquinho. Desabo como uma onda na rocha... mas me mantenho em pé. É necessário. Tudo passa, o sufoco passa e logo eu posso respirar. Apenas me abrace e não me deixe, é esse sorriso que me traz a paz.
Abrace-me agora e não solte, fiquei aqui só mais um pouquinho, passe a noite comigo. Posso olhar em seus olhos e me perder de todo o resto, só por um instante. Paraliso o nosso tempo, agora é o nosso agora.
Beije-me, afaga-me em seus lábios, acolha-me em seu colo. O sentimento é imenso, transborda em finas lágrimas, deixa um tom febril.
O medo vem, mas não é eterno, não quero te perder. Fique o tempo que quiser, não me incomodo. Pelo contrário, faz-se um sorriso em minha face com a sua presença.
Amo-te pelo que és, amo-te assim, baixinho. Amo-te apertado, amo-te por completo. Completa minha loucura, um tanto louca por ti.
Somos canibais de nós mesmos. Não comemos a carne, mas sugamos a alma...

15 agosto 2013

14 agosto 2013

Vermelho amor que vem
Levo o leve avermelhado
Avermelho-me assim
Para o amor me ver melhor

12 agosto 2013


Fora abandonada ali, em um lugar qualquer. Como iria saber onde estava, se nem bem ao certo sabia como havia parado ali? Sua cabeça revirada em páginas que se perderam no tempo em que estava em seus sonhos. Como sair? Como chegar à saída de algum lugar que nem ao menos havia uma entrada? Olhava ao seu redor e apenas via um deserto de esperanças despedaçadas, pedaços de almas partidas, tudo no sentido mais literal da palavra. Pedaços do que parecia ser uma mão de vidro, uma perna, um braço, um rosto. Duas faces, três, quatro, e quanto mais andava, mais faces sem cor apareciam enterradas na areia branca. Como alguém poderia abandonar uma criança tão pequena num lugar desses? Sentia medo, sentia frio, sentia fome. Chorou sozinha, chorou sem ser ouvida, chorou só por chorar. Dormiu. Acordou com o sol invadindo seus olhos, respirou bem fundo e percebeu...

06 agosto 2013

A alma é tão imensa... cabe nesse pedacinho chamado corpo. Uma capsula que prende a si, uma caixa que protege. Que coisa elástica a alma, infinita e tão pequena, cabe aqui na palma da mão, cabe aqui na minha pupila, cabe aqui nesse espaço. Mas será que cabe mesmo? A alma é louca pra sair, procurar o seu lugar com outras almas, procurar se encostar em outras almas, alma e alma. Procura amar uma alma que não é alma sozinha, é alma de amor. é alma de amar. Um corpo que prende a si, uma face tão diferente de outra que nem forma tem, é infinita. Um universo dentro de mim, um universo dentro de ti. Mas como é imensa a alma...

05 agosto 2013

As lágrimas caem em poças sem que sejam repreendidas. Por que caem? Tudo se desfaz como um breu... a escuridão engole a vida, engole tudo que lhe vem, tudo o que quer. A solidão se faz, o silêncio vem consigo mesmo. Pegue essa solidão e dance, dance em passos lentos, dance em passos rápidos. Lagos de lágrimas e lágrimas em lagos, lagoas e água.
A água vem me prendendo cada dia, a cada dia me afogo, me afago em si, me afogo em mim, perdida num universo sem razão aparente. Não vejo uma luz, que luz haveria de ter? Quais as chances de sorrir sem propósito? Não consigo ter uma visão Poliana, talvez seja assim mesmo o pessimismo; mas por que diabos digo isso tudo? Não há razão aparente.
Sufoco com tanto ar que existe, sufoco em câmaras, vejo-me aqui, em uma bolha. Por que não fugir? Talvez seja uma solução, mas de que adianta viver uma vida fugindo, fugindo de tudo que sente? Não postergue a vida, não postergue a si mesmo. Talvez tudo seja generoso demais, mas por que penso tudo isso? O que de fato me leva a pensar? Por que pensamos? Por que sentimos? Sinto que sinto, sei que sei e assim se segue tudo. Amor que há em mim, um rio de amor, um rio de medo. Um rio de insegurança.
Insegura de se segurar em si, de aprender os passos do que de fato é viver. Medo de saber que vive e que tudo isso um dia acaba. Nos libertamos daquilo que nos prendemos. Sou livre, talvez não seja. Sou livre pra escolher, escolho ser livre ao lado de outro ser livre e assim tornando-se um ser, livre de todo mal. 
A chuva cai, os pingos vem. Na noite há luz, mesmo que longe. Assombra-me a ideia de que todos os dias há dia e noite, por que não mudar um pouco? Mas afinal o que estou dizendo? Não digo nada dizendo muito, há quem diga tudo sem ao menos palavras usar. As palavras dançam diante de mim, há dança em solidão. Aproveito o tom do silêncio, e me pergunto se de fato sei o que faço ou o que quero fazer. Por que escolher? Quais as chances das escolhas? Dons existem? Não sei se de fato tenho algum dom. Insegura, insegura de si - mais lágrimas.
Minha fé se desfaz à mim mesma, não sei qual meu propósito. Talvez eu tenha medo dos caminhos, mas de qualquer fato escolho algum. Não há porque viver amorfa de uma vida de aventuras. Um sonho de se aventurar e estática ao quesito de fazer algo. Sonho contigo, sonho com o agora, que esse agora não termine. Não tenha medo. Ou tenha, o que é natural. Natural, a natureza não erra. Existe de fato certo e errado ou apenas interpretações? Escolhas, escolha de escolher o que pode ser escolhido.
E com um ponto finalizo a ponta de alma que deixo perdida ou guardada nessas linhas mortas, com uma alma viva, um coração pulsante, uma alma amante, um sonho ou talvez apenas um corpo e uma mente vazia, ou cheia de ideias, apenas um fim, ou um ciclo.

O bilhete de loteria da vida é a morte. Vivemos para morrer, nascemos condenados a morrer. A cada dia morremos mais um pouco, a cada dia chegamos mais perto da liberdade. Somos prisioneiros nesse plano, seguindo normas e regras que muitas vezes não fazem sentido. Qual o propósito de tudo isso?
O que é memória?- Água.
A memória é como a água, está ali. As vezes temos lembranças de lembranças, partes de memórias.
A memória se renova e ao mesmo tempo continua a mesma, como o movimento da água.
As perspectivas mudam, as lembranças existem.

02 agosto 2013

28 julho 2013

Vejo um túnel, me afundo nele. É mole, macio, maleável. Há luzes querendo timidamente adentrar por frestas de mais fino e claro tecido. Conforme me mexo, crio uma ilusão de ótica. Estou caindo na toca do coelho.
Conforme se tira o coelho da cartola e o faz desaparecer ao colocá-lo novamente em um passe de mágica, as ideias se prendem à mente criadora. A imaginação é real. A realidade é vivida em um sonho, mas qual é a verdade?
A verdade é julgada pela mentira, tal qual somos enganados por verdades mentirosas constantemente. Mas e as verdades absolutas? Não existem. Ao afirmarmos tal fato, a regra é quebrada por si só, a vericidade do fato é a exceção.
O túnel é extenso, vejo uma mesa de chá, relógios e ponteiros. Não vejo as horas, os números se foram. Os mesmos por si só são exatos - serão absolutos? Isso nos faz repensar sobre verdades. Deus é absoluto, apesar de sua existência ainda ser revista. A razão explica Deus? Como pode ser absoluto algo que não se sabe a existência?
A fé explica Deus, que por sua vez, explica a própria fé. Os fatos são independentes e se explicam por si só. Mas fé não se dá por razão, muito pelo contrário. "Penso, logo existo"; existimos por que pensamos? E o cenário a nossa volta, de fato é real? Sinto, logo existo, ou talvez eu exista, logo penso e sinto. Ou talvez nada disso seja verdade, afinal minha mente se cansa, mentem para nós.
As luzes se apagam, mas ainda é claro.
Insana ideia de sanidade no mundo. Lúcido é quem sofre por ver toda a verdade. De fato queremos saber? Por que? E depois para onde iremos?
Meus olhos estão cerrados e meu corpo cansado. A dúvida se forma sem pistas da resposta. O que importa? O importante é o que se pergunta.

26 julho 2013

Ser visto como louco em um mundo insano talvez seja um traço de lucidez.

Aqueça-me




Por que as coisas se complicam? O tempo passa e gera a desculpa de que tudo que antes era simples, agora exige um olhar detalhado. O mundo muda, as pessoas mudam, mas não necessariamente o estresse precisa se fazer presente; mas se faz.
A inocência morre e dá lugar à preocupação. Por que tão preocupado? O olhar de uma criança se transforma, o tempo passa, a mente muda - fica menor. A obrigação de de ser racional nos traz a irracionalidade exacerbada; olhando em seu cubículo. Você vive no mundo dos loucos, mas não precisa se tornar um deles. Nos falta lirismo, vivemos presos em fatos. Nossos relacionamentos são contratos - que se danem os contratos. O que se aproveita quando assiste a vida pela janela? Somos jogados em um mundo adulto onde é proibido sonhar - produza. Somos eternos operários da vida, seguindo um manual destrutível.
Há uma conexão incrível entre seres humanos. Talvez seja magia, ou apenas algum hormônio encontrado no organismo; o fato é que precisamos disso. Não uma necessidade doentia, mas todos precisam de afeto. Somos livres para amar. Amar sem preocupação, amar só por amar. Sem medo, restrição; amor não é contrato.
"Por que metade de mim é amor, a outra metade também".
Há ideias insanas espalhadas pelo mundo, espalhadas pelas mentes. Talvez minha insanidade tenha sumido, levando consigo a poesia - traga-a de volta, não sou nada sem ela.
Não há vantagens em ficar sóbria de ideias, encontro-me em um estado de abstinência. Embriague-me de sonhos, não somos nada sem os mesmos. Os mais belos pesadelos, sinto falta da infância, da inocência. Do contato com o mundo do qual a idade nos priva.
Psicografo ideias mortas e ainda sim tão vivas dentro de mim. Minha lucidez se desfaz com a verdade; há verdade absoluta? Verdades geradas por mentiras, saídas de seu ventre.
A insanidade volta, embriago-me de histórias. A realidade é relativa, o tempo está ao contrário. Veja o contraponto.

19 julho 2013

Olhe em volta agora
O que é que tem nessa
História
Que lhe faz bem?
Talvez seja a forma dada
Em toda poesia encontrada
Que aqui contém

Tudo se transforma em lágrimas
Pranto, água pura
Crava a pele
Nasce amor na alma
Afunda
Perdendo-se castanhos
Em uma profunda calma

O coração que cala, sente
Consente a fala muda
Da solidão
Melhor calar-se em beijos
Um silêncio e aconchego
Deitados no mesmo
Chão

Tudo se transforma em lágrimas
Pranto, água pura
Crava a pele
Nasce amor na alma
Afunda
Perdendo-se castanhos
Em uma profunda calma

A razão escrava
De uma mente livre
De amarras sem fazer
Um nó
Traga o laço, abraço
Abraçando-se tornando
Um
Sem ser só

25 junho 2013

Aquele olhar... olhando para o nada. Petrificou-se num instante. Apesar de ter lágrimas para derramar, não o fez.
Um choro foi ouvido - era uma criança em um banco próximo - chorando pela ausência da mãe. Talvez a ausência seja o pior veneno, quando não se sabe onde o outro está.
Queria sua presença, isso era certo, mas por algum motivo fazia exatamente o contrário - afastava-o. Talvez por medo, talvez por irracionalidade, não sabia ao certo. Só sabia que o queria ali, apenas para abraçá-la e poder olhar em seus olhos. Era o único que conseguia.
Aquele olhar... olhando para o nada. Um olhar preenchido por outro olhar, o qual não queria que sumisse... nunca, nem por um instante.
Apenas o queria ali num instante, num eterno instante.

18 junho 2013

Imagem




Não fui a melhor aluna do colégio nem a mais inteligente da turma, meu ideal e ideias não são melhores que os outros e meus argumentos não são os mais fortes. Mas acredito ter uma ótima base - modéstia a parte - para entender claramente a importância de lutar e pelo que luto.
Minha fé, que parecia estar no fim, reacendeu ao ver essa geração (a minha) finalmente saindo do sofá/ cama/ cadeira e indo para as ruas. Os 20 centavos foram a gota d'água para todos os abusos que sofremos constantemente. Bato na mesma tecla com o intuito de realmente entenderem. Enquanto há um aumento abusivo no valor do transporte, imóvel, salário dos deputados, impostos, o salário mínimo só vem a cair. O descaso que se faz presente quanto às saúde e educação enquanto há um investimento para  que chamo "status" do país. De que adianta ser a sexta economia mundial, com toda a desigualdade interna?
Não há momento mais propício para uma revolução do que agora, que estamos em evidência no mundo. Não há melhor momento para mostrar essa nossa "democracia", nossa insatisfação, o despreparo da nossa polícia - que deveria proteger o povo e não atacá-lo -, a atitude do nosso governo para com o povo. Mas, apesar de toda a insatisfação, o foco ainda precisa existir (20 cent.), um passo de cada vez. Agora o gigante acordou e parece que não adormecerá tão cedo.
É um momento histórico, talvez "Revolta da Tarifa", talvez "Revolta do Vinagre", o nome ainda virá. A questão é que entramos para a história, e todas as grandes mudanças na história começaram assim: com a base revertendo a pirâmide social.

13 junho 2013

Eu quero abraço
Eu quero  um laço
Nada de nó
Só quero ver o sol se por
Ao seu lado
Eu quero um beijo
Meu chamego
Amigo
Não quero reboliço
O acaso
Deixa estar

11 junho 2013

Eu só quero ver
Quem é que manda
E quem é que obedece
Talvez estejam certos
E seja minha mente que enlouquece
Você vem e me pergunta
Como é que faz pra gente ser feliz
O que é que tem, quem é que fala
O que é que move esse país
E vem e cala um povo
Que não sabe o que diz

Mas hoje em dia
Tudo se mostra tão banal
As coisas se repetem, nada novo
Sempre tudo igual
Novidade mesmo é o que passa na TV
Ou seja, nada, afinal
Quem é que quer saber do mundo
Sem poder dar o aval?

Pois é, e há quem diga
Que tudo já foi muito pior
Sei não, é um palpite
Mas a lona é bem maior
Pois o espetáculo hoje
Se sustenta por si só

10 junho 2013

Amor, que nada falte
A nós
Pois amo-te por si só
Sem receio, só por amar
"Só", é infinito
Afinal somos você
Somos calor
Aquece-me e me mostre
Como amar
Amo-o, contigo
Amo baixinho
Que nada falte
A nós
Esteja presente
Para amarmo-nos
E amá-lo
Somente
Simplesmente
A palavra "presente" é relativa - nem sempre se refere a algo material. Aliás, presente vem de presença - é só observar o tempo (passado, presente, futuro), você sempre estará presente no agora, nunca antes ou depois. Quando você presenteia alguém, normalmente se importa com a pessoa, é uma maneira de mostrar-se presente na vida da mesma.

24 maio 2013

Bom, agora já não sei de nada
Diga qualquer coisa pra ficar
Mais uma vez
Não encontro tal palavra
Que expresse o anonimato
E embriaguez
Não quero saber de ostracismo
Para o meu lado, é 
Minha chance de viver
Há quem diga tudo e não
Se importe muito menos
De nada dizer

Por que?
As coisas voam
E agora não se sabe mais

Falta coragem nesse mundo
Que se esconde atrás de todo
Corpo que mantém em pé
O tempo passa e ninguém
Mexe um dedo pra mudar
O que já é
Você me diz palavras belas
Quero ver fazer melhor
Quando se esgotar
O aconchego da sua casa
É muito bom para
A cara não mostrar

Será?
As coisas voam
E agora não se sabe mais

E esse sorriso é o que falta
Para completar mais um dia
De cansaço
Laço forte e o medo que se
Perde quando sentem
Um abraço
A cama chama e vem até
O passo que se perde
Num tropeço nesse chão
Nada é por acaso penso
Eu quando crio
Uma canção

23 maio 2013

Viver no anonimato, talvez essa seja a sina que acompanha os meros mortais.
Olha-se no espelho e vê a mesma coisa de sempre, já se acostumou com essa visão, afinal todos os dias se depara com a mesma. Mudar o que? Não sei muito bem se está satisfeita, mas nada pode fazer. Está condenada a essa aparência. Produzo minhas coisas com destino a mim mesma. Não almejo sucesso. Mas quem de fato é essa pessoa que julgo ser eu? Quem sou eu afinal? As pessoas têm um propósito, mas e quanto a mim?
Lá estava, sentada, apenas observando as outras pessoas passando. Cada qual com sua vida, cada qual com o seu sonho, cada qual com seu caminho. E ali ficou, e se questionou; e ela? Não encontrou muitas respostas.
Escrevo palavras que não julgo de péssima qualidade, mas me acanho ao mostrar ao mundo. Não necessito mostrar ao mundo. Há tanta competição, há competência, fico aqui no anonimato. Talvez eu seja uma anônima da vida, aqui em um canto qualquer. Não me preocupo, criei um certo conforto. Não almejo o centro das atenções, quero apenas aquilo que me dá prazer.
As pessoas têm problemas, todo mundo tem o seu. Quantos problemas coletivos e nenhuma solução, todos são covardes para tentar algo. Conformismo me irrita. E percebo que com o externo me revolto, mas quanto ao mais próximo possível - o eu - me conformo com pouco.
Queria ficar ali mais um pouco, consigo mesma. Era sua melhor companhia, quem mais lhe julgava, e quem menos lhe entendia.

21 maio 2013

Solidão, não viva só
Envolta em si mesma
Não se feche
Abra-se, abrace e me beije
Posso lhe contar histórias
Em sua companhia
E apenas a ti
Sou sua, sólida e sóbria
Somente agora e nada mais
Dar-te-ei o que procura
Nada
Apenas cá me vejo nua
Na sua ausência
Que se faz presente
Para presentear-me
Com si só
Cá estou em minha companhia
E sua
Minha solidão

20 maio 2013

Apenas deite ao meu lado, deleite-se de meu fôlego. Dispo-me de todo pudor que possa se fazer presente - cá estou - envolta por seu olhar que me transporta para a realidade. Às vezes pego-me sonhando se tudo é verdade, e sinto o alívio e a surpresa de perceber a veracidade dos fatos. Agradeço por seus braços me abraçando, e o aconchego desse abraço coberto pelo edredom. Apenas deite ao meu lado e permaneça por hora... e que a hora pare para nós, para aproveitarmos esse instante congelado.
Fé, a fé é de todo subjetiva, cada qual tem a sua. E onde se encaixa a religião? Confesso um certo preconceito com algumas doutrinas e constituições como a igreja. Não sou de todo cética, mas acabo utilizando muito mais a minha racionalidade nesse assunto. Fui educada a questionar e não aceitar tudo como uma verdade absoluta, e confesso um certo desconforto em missas e cultos. Sinto-me mal, um certo mal estar. Acredito em Deus - da minha maneira, mas acredito - mas acho que de uma certa forma o temo. Não sei muito bem como explicar, mas temo.
Ao mesmo tempo em que não concordo com muita coisa, afirmo que a religião é um grande instrumento social e cultural, afinal uma comunidade se une pela mesma, ela inspirou a arte e a arquitetura. A bíblia, por exemplo, é um documento histórico, recheado de metáforas. É linda, de fato, mas está preenchida pela visão da fé de várias pessoas, então não necessariamente o que está ali escrito aconteceu dessa maneira. Onde a ciência não alcança, entra a religião. Temos a necessidade de ter resposta para as coisas, mas nem tudo de fato é certo. Assim, onde a ciência não alcança e não temos ideia do que existe, a religião entra como instrumento de "verdade". Temos medo do que não conhecemos, e temos explicações para não temermos esse universo desconhecido, mesmo que essas afirmações não sejam certas.
A fé é particular, e na minha humilde opinião, essencial. É uma forma de acreditarmos na razão de estarmos vivos. Somos energia, pura energia, em contato com outras energias e com uma extremamente intensa, a qual considero Deus. É amor, é paz, é conexão. É como se estivesse no espaço entre cada um de nós. Talvez, quem sabe. É no que eu acredito...

17 maio 2013

Era um quarto
Molhado de desejo
O silêncio rasgado pelo afeto
O som abafado pelos beijos
E a pele coberta por ela mesma

Era um quarto
Bagunçado de aconchego
O espaço coberto pelos risos
Os olhos cheios de alegria
A alegria transbordando carinho

Era um quarto
À prova de tristeza
O colchão ocupado pelo abraço
O ombro ocupado pelos cabelos
E os cabelos ocupados pelas mãos

Era um quarto
Abrigando uma viagem
Corações abrigando um ao outro
Conversas abrigando o mundo
Um mundo criado em um cômodo

Era um quarto
Em uma tarde da semana
A hora corre solta
A noite leva embora
Restando uma lembrança amorosa

13 maio 2013

L'amour est bleu

Qual é a face de um criminoso? Existem assassinos... e assassinos.
Somos bombardeados todos os dias de crimes decorrentes do cotidiano. Vemos em jornais e telejornais, imagens e notícias sobre tráfico, roubo, sequestro, estupro, assassinato. Sentimo-nos aliviados quando vemos a ameaça atrás das grades - marginais, dissimulados. Sentimo-nos protegidos. Se você rouba, deve ser julgado, afinal você infringiu a lei. Se você mata, deve ser julgado, afinal infringiu a lei. Então, bem... a justiça é feita, de certo, não? Nossos protetores estão efetuando seu trabalho.
Não agrida um policial, afinal, isso é desacato à autoridade, muito bem. Mas e se ocorrer o contrário, e o senhor policial é quem se torna o agressor? Bem, isso é outra história. Peguemos um exemplo muito claro: ditadura. Civis sendo agredidos, torturados e mortos por oficiais. Em todo caso, esses oficiais são considerados assassinos? De maneira alguma, afinal eles só estavam exercendo seu trabalho. Guerras. Homens invadindo um país e destruindo não só o exército rival. Voltando ao seu país, responsáveis pelas vidas tiradas de inocentes, e sendo recebidos como heróis. Talvez alguma coisa esteja errada. Crianças, adultos e idosos na rua, desolados. Sem comida, sem abrigo, morrendo. Assassinados por quem deveria protege-los.
Talvez os verdadeiros criminosos sejam aqueles que veneramos e escolhemos por acreditar que os mesmos estarão nos proporcionando bem estar e proteção. Marginais e dissimulados são fruto dessa podridão. A loucura é contagiosa. O ser humano não se diferencia dos outros animais pela racionalidade, e sim por ser mais primitivo que qualquer ser vivo do planeta.

11 maio 2013

Já não conseguíamos mais lembrar o porquê de estarmos ali. O navio era arremessado de um lado ao outro pelas violentas ondas daquele mar negro. A noite era fria e tínhamos pouca iluminação, a comida estava no fim, e o cheiro de algo podre infestava o ar, se mesclando com aquele suor fétido dos outros tripulantes. Vinte homens sem saber o que fazer, o que não poderia de maneira alguma acalmar a única mulher que embarcara numa aventura sem medir as consequências.
Há quantos dias o navio zarpara? Já não tinha mais noção do tempo, encontrava-me faminta e enjoada, a ponto de vomitar. Meu estômago já não aguentava mais a tudo aquilo, era como se matar aos poucos, da maneira mais dolorosa possível. Sentia o medo invadindo meu ser - na verdade, todos os medos possíveis. O de não voltar, o de ser descoberta, o de apodrecer bem ali, enquanto minha carne era devorada pelos abutres, ou até mesmo pelos outros tripulantes. Nunca tive medo da morte, mas talvez seja porque nunca de fato tinha estado tão perto da mesma. A cada dia que passava, sentia-lhe mais próxima, o que aumentava o número de calafrios depositado em mim.
No céu não haviam estrelas, apenas nuvens negras carregadas de uma tempestade. Apesar de não demonstrar, ninguém tinha mais esperança alguma, o que me preocupava cada vez mais. Continuávamos ali, tentando inutilmente sair daquela situação. Meu corpo já não resistia, e a cada onda, era jogada a dez metros de onde eu me encontrava. Minhas pernas já não aguentavam, meus braços já não tinham força, meus olhos já não se abriam. Senti o chão longe dos meus pés, e de repente se fez o silêncio. Tudo ficou escuro.

07 maio 2013

06 maio 2013

Ela foi embora, não podia mais morar com ele. Não aguentava passar as noites sozinha enquanto o mesmo tinha a companhia da bebida em um bar qualquer. Partiu sem olhar para trás. Ele ficou desolado.
Poemas mal escritos e declarações infantis chegavam a sua porta. Ele mandava todos os dias. Ela não respondia. Ele deixou a barba crescer, parou de beber, mas agora tinha dois novos vícios: fumar e escrever. Só escrevia para ela, aperfeiçoando-se cada vez mais.
Ela marcava alguns encontros, mas nenhum que tivesse realmente gostado. Todos os homens pareciam limpos demais, contidos demais, educados demais. Descobriu que preferia os sujos, os rudes, os ébrios. Preferia-o a qualquer outro.
Maços de cigarro acabavam como água, mas a procura por palavras belas para trazê-la de volta continuava. Não comia, não dormia. Ouviu um barulho na cozinha, e pela primeira vez em semanas saiu do quarto. Adentrou no local e a viu sentada, tomando um copo de uísque. Ela nunca gostou de uísque, ele nunca gostou de romance.
- Eu te amo. - ele disse dando de ombros.
Ela virou o copo e em seguida caminhou tranquilamente, passando por ele e entrando no quarto. Ele foi logo em seguida.
Encontrava-se ali, sentada na sala. Já era noite e todos deveriam estar fazendo algo mais importante que sentar e conversar. As luzes dos quartos estavam acesas, o que diminua o breu em que a sala se encontrava. Levantou-se e foi até a porta que separava esse cômodo dos outros. Algo diferente aparecia, não existia o corredor que levava aos quartos, e sim uma escada que descia a algum lugar desconhecido. Consumida por uma imensa curiosidade, atravessou a porta e adentrou o estranho local. As escadas pareciam intermináveis e tudo que se fazia presente era a escuridão. Os degraus finalmente haviam acabado, uma fina camada de claridade adentrava o local, que se mostrava demasiadamente grande. Silhuetas manchavam o que deveria ser uma sala, com móveis cobertos por lençóis para que a poeira presente não se apoderasse dos mesmos. Automaticamente puxou um lençol. O espanto se fez ao ver o brilho emanado. Tinha diante de si uma mesa de puro ouro. Passou a puxar os outros lençóis e espantou-se ao perceber que todos os móveis eram feitos de ouro. Ficou admirando por um tempo que pareceu interminável, até ser subitamente acordada de seus devaneios por um barulho. Virou-se para trás e teve a certeza de ter visto um vulto de algo... ou alguém. Outra vez. Seguia-o com os olhos rápidos pelas paredes, até virar-se novamente para trás e...
Acordara. Mais um sonho como outro qualquer. Aquele cômodo imaginário lhe causara um estranho sentimento de medo, mas nada fora do comum para um pesadelo. O dia se seguiu normalmente.
Encontrava-se novamente naquela sala sombria, os móveis novamente cobertos com o lençol. Como havia chegado até ali novamente? Não se lembrava de ter estado sentada na sala de sua tia como da outra vez, nem da escada que desceu. Apenas estava ali, novamente, instantaneamente. Como da outra vez puxou os lençóis dos móveis, e mais uma vez o ouro brilhava. Um vulto passou, como antes, e quando se virou para trás...
Deu um pulo da cama, era a segunda vez que tinha o mesmo sonho, e acordava exatamente na mesma parte. Seguiram-se dias com outros sonhos, mas em algumas noites estava novamente ali, no salão com móveis de ouro, e o sentimento de medo mais uma vez invadia-lhe.
Caminhava tranquilamente pelo mercado, o celular tocou. Ao ouvir a voz do outro lado da linha, um calafrio percorreu todo seu corpo. Uma voz, estranhamente robótica, falava com tranquilidade: - o homem de moletom vai sacar uma arma em exatamente 4 minutos. Saia daí. - ela ignorou o aviso, mas olhou para o relógio. Quatro minutos se passaram e a cena descrita pela estranha voz aconteceu. O homem com o moletom sacou uma arma aterrorizando o mercado inteiro. Saiu correndo do local, dando de frente com uma avenida conhecida por ela, mas estranhamente modificada. No lugar onde deveriam estar prédios, era vista uma praia. Aquilo não poderia ser real. Ignorou um pouco esse fato e continuou andando para algum lugar que não sabia. Seu celular tocou. Era novamente a voz, dizendo-lhe para seguir a avenida e de maneira alguma mudar o caminho. Não se atreveu a contrariar o estranho do outro lado da linha, seguindo a risca todas as ordens enviadas. Durante seu trajeto encontrava alguns conhecidos, que se juntavam à garota e por algum motivo se separavam misteriosamente. Seguia todas as instruções, e quando de alguma maneira desobedecia, haviam consequências. Ao mesmo tempo que se sentia apreensiva ao estranho da voz, sentia-se protegida. Chegou ao seu destino.
Um portão velho, com uma pequena trilha que descia, rodeada de um cemitério em ruínas, comido pela natureza local. O barulho do celular. - Alô? - Siga a trilha - Por que? - Não se sinta ameaçada, pode seguir a trilha. - Aceitou a ordem e seguiu automaticamente a trilha até parar de frente a uma imensa porta. A construção era gigantesca, uma mansão devorada pelo tempo, mas ainda sim magnífica. Bateu uma, duas, três vezes e não foi atendida. Adentrou sem consentimento nenhum o local. Espanto! A única palavra que descrevia bem a situação. De frente para si estava o cômodo de seus outros sonhos, exatamente igual. Os lençóis cobriam os móveis, a fina camada de luz que adentrava o local. Sentiu ser consumida pelo mesmo medo que outrora sentiu, mas agora bem mais acentuado. Puxou os lençóis revelando todo ouro coberto, e avistou mais uma vez o vulto. Virou-se para trás esperando acordar em sua cama, mas aterrorizada percebeu que continuava ali naquele aposento. O vulto rapidamente sumiu escada acima, e ainda desconcertada, seguiu-lhe. Encontrava-se parada no andar de cima, de frente a um imenso corredor coberto de portas fechadas. Apenas uma se encontrava aberta. Apreensiva, seguiu até a mesma e adentrou o aposento. Tinha diante de si uma espécie de escritório, decorado de maneira fúnebre. Virou-se para a mesa do local, com a cadeira atrás da mesma virada de costas para ela, em direção a parede. - Que bom que veio. - a voz era conhecida, e instantaneamente um pavor que nunca sentiu antes lhe invadiu. - O que você quer de mim? - a garota gritava. Pôde ser visto os dois braços do estranho se apoiando na poltrona, revelando as mangas do paletó e suas luvas. Preparava-se para virar em direção da garota, e quando o fez...
Estava em sua cama, novamente. O medo tomava conta de todo seu ser. Tinha consciência de que era apenas um sonho, mas por que o mesmo a seguia noites a dentro? Torcia internamente para não o ter novamente e assim se seguiu... por um tempo.
Mercado. Tinha a estranha sensação de já ter estado ali antes. Seu celular tocou. Aquela voz... não, de novo aquela mesma voz, não. Como no outro sonho, lhe dava as mesmas instruções, mas dessa vez, fez do seu jeito. Ignorou todas as ordens impostas e mesmo que passasse por apuros, era muito melhor que dar de cara novamente com aquele lugar. Seguiu um caminho totalmente oposto ao que era dito, e se espantou ao perceber que estava diante do mesmo portão, de alguma maneira - M-mas co-como? - seus olhos arregalados, suas mãos tremiam, por que ali? O celular mais uma vez tocou. - A-alô? - Siga a trilha - Não! - Siga a trilha, estará segura, aí é perigoso - Não! Aqui é muito mais seguro - Vão atrás de você - Não vou entrar - Entre - Não! - Entre- Não!. - Fechou os olhos com força, como se dessa maneira pudesse acordar desse pesadelo. O medo lhe tomava por inteira. Queria sair de lá. Queria ao menos acordar. Queria...
Abriu os olhos, sentiu-se coberta pelo edredom, sentiu sua cabeça apoiada no travesseiro.

02 maio 2013

E toda beleza da vida? Como é doce o silêncio. Palavras mansas e tom ameno e paz para ser sentida. Desejamos o que nos faz bem, afinal a dor nunca é uma amiga. Minto, a dor talvez seja necessária ser feita, para lembrarmos que somos humanos e não somos perfeitos. De que vale a perfeição? A perfeição é fria, está petrificada. Gosto do imperfeito, gosto do calor. Calafrios percorrem a todo momento a todos, e estamos aqui rodeados de nós mesmos. Tenho esses sonhos com lembranças das quais não lembro, ou talvez apenas imagine o que de fato acontece. E se essas palavras estão jogadas e sem nexo? Qual o problema disso tudo? Seguir em linha reta é de fato enfadonho, desenhe-se com rabiscos e relevos.
Escolha sua estrada e a siga até onde puder. Escolhemos o tempo todo e somos bombardeados com as escolhas de todos a todo momento. Essa liberdade condicionada e de acordo com o que se segue. Prisioneira de mim.
Melodia se faz presente em meus momentos. Melodias e poesias, perco-me no meu mundo, na segurança do meu quarto, na liberdade das palavras, no poder do pensar, na força do sentir. Pele, cheiro, gosto, perfume, luz. Meu coração bate, os neurônios recebem sua corrente elétrica, o ar entra, o ar sai. Sorrio para ti, quero sentir seu gosto. Sinto a brisa pela janela, vejo uma pequena porcentagem do céu. Qual a vantagem de estar em um quarto escrevendo sobre nada? Ninguém percebe a mais nada, vivem presos no automático,  automaticamente vivendo suas vidas. O tempo passa. Ele não volta. O relógio continua marcando as horas, e as pessoas continuam existindo. Velo suas engrenagens. Não se sabe mais o valor de viver, muito menos o valor de morrer.
Necessito da paz em sua plenitude. Aqui jaz uma mente em paz e um coração amado. E dando meu aval, finalizo. 

23 abril 2013

Amour



A tua ausência me traz tanta dor
O amargor do tempo que não tem
Que se faz perdido em paz
E mais
A doce solidão que se faz
Diante dos meus pés
E desaba sobre minha aba
Minha cabeça abre
E muito mais
Perco seu sorriso
Perco o juízo nesse olhar
Perco a fala
Me calo diante a sala
Vazia a se encontrar
Mas será que você não sente
O estremecer da minha voz
Mas será que você não ouve
O meu coração buscando paz
Abra a janela agora
E veja fora
O que lhe espera a toa
A vida é boa
Quero seu amor
Doce e tenaz


22 abril 2013

Desejo sua pele contra minha pele. Seu cheiro... seu cheiro ficou na minha blusa, na memória. Ah, mas que memória visceral. Desejo seus olhos e a proximidade de ambos. É possível desejar tanto alguém assim? Antes que pergunte, gosto do desejado sim, de que vale um desejo vazio?
A saudade bate, o carinho bate, quero seu abraço, quero seu beijo.
Pego-me na surpresa por me sentir assim. O que posso fazer? A culpa é inteiramente sua por ser assim, mas obrigada por ser exatamente quem é. Aguardo as conversas, e até mesmo o silêncio.
Encontro-me a rir sozinha quando penso que tudo é real, e me sinto feliz por ser. Só peço que não se gabe, somos todos humanos.
Como é doce o amor...
Não somos eternos, somos apenas instantes. Mas nada de fato é eterno, tudo é instante. Mas e se esse instante for eterno? O tempo é relativo, talvez a eternidade dure menos de um segundo.
"Já pensou que , se todos realizassem seus sonhos, o mundo seria insuficientemente grande? Ou seja, a felicidade ou o ideal de muitos é mera ilusão e que mesmo assim ela tem que se adaptar a realidade."

13 abril 2013

O que foi que você fez?
Agora é tarde demais
Você sabe que vai ser assim
A partir desse momento
Mas por que seguiu sua voz?
Eu dormia tranquilamente
Por que me acordou tão de repente?
Sinto leveza nesse trago
E como a fumaça se desfaz

Você fala em voz doce
Mas o medo ainda me acompanha
São três horas da manhã
Por favor, volte pra cama
O que trás aí consigo?
É mais um mimo?
O que? Não, por favor
Escute bem...
Não tenho mais voz.

Agora fica aí arrependido
Pode chorar se quiser querido
Se satisfaça com o que fez
Ou então estará tudo perdido
Veja o vermelho desse amor
Espalhado pela cama
Fique comigo aqui deitado
Você sabe o que fazer
É só puxar...
O tempo brinca de parar, o que acontece por aqui? A vi olhando o relógio da igreja, mas que horas eram? Os números haviam sumido - que fato estranho a se seguir.
No nada ao virar a esquerda em lugar nenhum, ficava a cidade. Sobrenomes não existiam, mas era costume do lugar. Os primeiros nomes se limitavam à Maria para as moças e José para os rapazes. Ninguém se incomodava ao estilo de vida peculiar dessa comunidade. Mas um fato agora assombra o tal lugar: o tempo parou. Sim, parou exatamente às 13h45min, e essa hora já está a mais ou menos quanto tempo? Bom, não dá para ser preciso, já que o sol continua do mesmo jeito. As pessoas não entendem, alguns afirmam ser o fim do mundo, outros apenas supõe uma alucinação coletiva. Enquanto isso ela observa o relógio, os números sumiram. O tic tac continua sem que nada aconteça. No fim alguém tem uma ideia. Então José põe-se a falar: "Continuaremos nossa rotina natural. Comeremos, trabalharemos, dormiremos, e assim quem sabe tudo volte ao normal". Todos concordam.
Suas vidas continuam sem nada a acontecer. A loucura se faz presente, ninguém está em si! Transformaram-se em animais, e agora devoram uns aos outros. Pesadelo!
Voltou a si e o relógio batia 13h46min. As pessoas andavam tranquilas, e ela se pôs a pensar...

02 abril 2013

Bem, não sei se viu
Mas cá estou
Com tudo que pediu
Com tudo que mandou
Agora posso por favor
Sair porta afora
Depois de jogar fora
Tanto tempo
Que fiquei aqui
Como é o mundo lá fora?
Me deixe partir
Você prometeu à horas
Por que faz isso
Tenho juízo
Se não se lembra
Force na memória...

Agora tanto faz
Por favor esqueça dessa história
Que me mantém a tanto tempo
Agora sai!
Tudo bem, prefiro aqui
Sei que que protege
Me congele pra que eu me esqueça
E deixe tudo pra trás...

01 abril 2013

A tinta corre solta no papel
Ninguém ouve nada
A fita é trocada a todo momento
Não se vá; não se acabe assim
Encerro aqui sem mais nada dizer

Aqui jaz uma mente inquieta...
Quero os sorrisos, o lirismo, sim...

Dê-me asas, pois as pernas já não são
suficientes. Vou sair...

A loucura se faz presente em cada movimento
de meus dedos...

(...)

22 março 2013

21 março 2013

17 março 2013


Olho, mas não vejo. É algo muito maior que minha mera visão pode alcançar. E essa cegueira se espalhou pelo mundo. Os cegos enxergam a realidade muito melhor que você ou eu.
Os olhos não são a única porta para enxergar, enxergue com a alma. Penso, focalizando o que talvez seja o desfoque, não admito me perder.
Nos alimentamos de imagens formadas a partir do pensamento que criamos. O enquadramento dos óculos no rosto propicia uma visão seletiva. Enxergo demais. Não quero perder a identidade.
Desviou o olhar, com medo de que captassem além do seu ser. Os olhos são as janelas da alma? Então me vejo olhando através das mesmas para realmente poder ver.

16 março 2013

Ah coração
Que bate assim acelerado
Nesse tempo

Vem coração
Dançando ao som
Dessa batida
Tão bonita
Tão sentida
Ao som da solidão

Bom coração
Não se desespere
Só espere
E sorria quando vir

É coração
Já sinto o jeito
E esse chamego
E esse seu cheiro
E essa voz
No meu ouvido

Ah coração
Bate feliz aqui no peito
Quando o sentir

13 março 2013

Dar-te-ei meu afeto, quem sabe. A realidade é bela apesar do mundo. A poesia se faz presente em prosa, e talvez a inspiração tenha voltado nesse instante. Passou por mim uma vontade de uma escrita engajada, mas o sentimentalismo me vem com mais força, e pego-me abobalhada em pensamentos.
Dar-me-á o beijos sem minha espera, ou não. Arranque-me sorrisos. Esses momentos sem nexo perdidos nessa escrita sem sentido - como me fez falta essa escrita - a vida é feita de razão, mas de que adianta um ponto frio?
Aquece-me assim, nesse abraço seu, e deixe-me perder nessa paz posta a nós no momento de encontro aos olhos.

11 março 2013


É como uma pintura no céu. Uma foto preto e branco mergulhada no universo de cores. Ela se move... ela tem som, ela me acalma a alma. Ah! Doces nuvens, tão distantes mas tão próximas, não as sinto inertes ao mundo e sim com uma extrema tranquilidade.
Os primeiros pingos batem no vidro, anunciando a chuva que deseja surgir. Escorrem pela janela como lágrimas vindas do céu conforme toda dança vem formando, o ritmo aumenta, e essa visão do mundo externo fica embaçada.
Trovões iniciam a orquestra, tão tímidos. E as gotas caem no chão. Fecho os olhos e me sinto distante de todo o resto que agora não importa. Um momento singular, pessoal. Gostaria de molhar-me com essa chuva santa.
A calma que vem consigo, mesmo recheada de elementos fortes. A delicadeza que encontro em tal cena.
Pés, pernas, troco, e um par de braços e mãos, juntamente com o pescoço e a cabeça apoiados no conforto de uma cama, privados de sentir a chuva. Apenas a imagino em contato com minha pele. Renovação.
Uma cena tão pequena, ínfima em um universo regido pelo tempo. E paramos um momento para degustar de tais coisas, tão singelas, mas necessárias para constatar que estamos vivos.

04 março 2013

Vivo em meio aos loucos. Vivo em meio a loucura violenta, a loucura perigosa. Vivo em meio a um ambiente contraditório, um ambiente sem razão, um ambiente sem paixão, um ambiente de poder. E todos buscam o poder. Caos... pela loucura.
Talvez procurem ordem, ou quem sabe o progresso, mas tudo que vejo é um contraste. E lá estão os loucos poderosos, os porcos fétidos, os possuidores do capital. E acolá um povo, e os impostos, e o trabalho, e o escravo moderno, escravo do tempo. E onde estão os direitos? E onde se encontra a vida? Ali vejo um povo leigo sobre seus próprios interesses. 
Mas o que se pode fazer? A vida moderna foi imposta dessa maneira. Aqui vejo a ignorância generalizada. Vejo a falta de interesse em um povo com estudo - qual o interesse em um povo com carga intelectual, capaz de perceber todas as mentiras e sujeiras de pessoas que deveriam estar em seus postos ajudando-o? Aqui vejo os farsantes. Vejo a liberdade de expressão sendo abafada. Vejo falta de interesse da maioria. Ou talvez seja o medo, ou quem sabe eles apenas não sabem.
Uma sociedade alienada, controlada pela mídia, vigiada. Manipulação.
E no final, talvez a louca seja eu. E essa loucura e dor que me seguem por saber que não é um país degenerado, ele apenas se encontra no padrão do mundo moderno.

03 março 2013

É tudo tão frágil... aqui estou com meu castelo de cartas. Espero que não bata um vento. Por que esse medo existe? deveria ser tudo tão fácil. Sou um peixe grande dentro de um aquário. Talvez eu esteja louca.
Apenas deixe-me escrever, só por vontade, sem compromisso. Apenas deixar minha loucura sair. Apenas deixar as palavras se explicarem por si só. Sou apenas um veículo para as palavras, pois elas tem vida por si... e eu estou viva por elas.

20 fevereiro 2013

19 fevereiro 2013

"Preciso de um cigarro", ele pensava. A ansiedade que lhe tomava por inteiro era tanta, que nem mesmo sua promessa era forte o bastante. "Preciso de um cigarro", ele pensava. Levantou do sofá que se encontrava afundado a tempo indeterminado e seguiu até o banheiro. Seu organismo suplicava por um cigarro. Lavou o rosto e percebeu que seu nariz sangrava. Lavou mais uma vez o rosto na esperança de o sangue parar de escorrer. Tarefa realizada com sucesso. Andou até seu quarto, colocou uma camisa e uma jaqueta, calçou um sapato qualquer e saiu pela porta da frente.
Ela acordou, e percebeu que estava sozinha. Ele havia saído outra vez. Toda vez era a mesma coisa, saía caminhar pela madrugada e a largava ali, sozinha, sem ninguém para dividir a cama. Levantou, foi até o banheiro, e lavou o rosto. As olheiras bem definidas, abaixo dos olhos, e aquela expressão cansada eram o que acompanhava o rosto da jovem. Foi até a cozinha, e pegou um copo d'água. Sentou-se na cadeira e começou a chorar. As lágrimas corriam soltas, os soluços eram audíveis. Palavras sem nexo saiam de sua boca, ao mesmo tempo que tentava puxar o ar para seus pulmões. Por quanto tempo se seguiu a cena? Não se sabia. Mas as lágrimas não paravam de correr, e saíam com toda a força possível. Parou. Ouviu um som vindo da janela, e seguiu para lá. Olhou para baixo e tudo que se via e ouvia eram vozes alteradas e dois homens se estranhando. Era ele. Pelo jeito havia bebido demais, e pela terceira vez nessa semana havia arranjado confusão. Seguiu para o quarto.
Não entendia muito bem o que o homem ao seu lado dizia, mas para ele as palavras pareciam ofensivas e hostis. Respondeu a altura. Assim se seguiu a confusão. Os vizinhos saíam nas janelas para ver o que acontecia, e os dois homens no chão brigando. Ninguém ousou fazer nada e muito menos chamava a polícia. Esse espetáculo acontecia toda semana e a polícia já havia parado de ir para aqueles lados a muito tempo. Levantou-se do chão, e dessa vez, tudo que conseguiu foi um olho roxo e um arranhão no braço. Nada de mais. Subiu até seu apartamento e abriu a porta. Chamou por ela, mas ninguém respondeu. Seguiu até o quarto e não encontrou ninguém. Ela havia dito que iria... e foi. Acendeu seu cigarro que acabara de comprar. No dia seguinte ela voltaria, ela sempre voltava.
Uma semana e nada. Duas, três, havia mais de um mês e ela não voltou. Dessa vez era definitivo. Ele não acreditava, ou não queria acreditar. A cada semana que passava, se afogava em mais uma garrafa de uísque, e já não era visto sóbrio. Desconhecia essa condição. Em uma noite qualquer, andando pelas ruas, viu uma silhueta conhecida. Era ela. Resolveu ir até lá, mas apareceu uma segunda silhueta, essa masculina, que a abraçou. Pensou em ir até lá mais uma vez, mas percebeu a expressão da jovem. Já não existiam mais as olheiras, o olhar cansado. Ela estava mais bonita que nunca. Ela havia dito que um dia iria... e foi. E ele, teve de aceitar.

17 fevereiro 2013

13 fevereiro 2013

Ah, o que quer de mim?
Se já nem sei quem sou
Assim
O que dirá
Rindo dessa nova ideia
Velha que já vem
Você já tem
Talvez se façam as palavras
Que se sabe
Mas já se cabe
No contexto dessa história
Que lhe segue
Quer eu me entregue
Quer eu lhe diga o que atrasa
O dia já raiou
E a noite que deixou
O sonho
Só não se acabe em nada
Não se engula
Só o deguste e aproveite
Das palavras
E o medo se faz afinal
Quando não se sabe o final
Que lhe espera
A nova era
Só vem pra trazer paz
Agora o tranquilo que me chega
Quer que eu lhe erga
De saber que a eternidade existe

09 fevereiro 2013

Reflexo da mente
Numa constante
Constante mente
Em puro
Impura demais
Caso abrangente
Abrange a fala
Num gosto adstringente
Que me cala
Acesso de loucura
Disritmia
O peito salta
À alma
E a mente vazia
O tempo voa
Meu tempo acaba
Perdi as palavras
Me leve em mente
Me lave a alma
Esqueça a hora
Não se esqueça
De pé em minha frente
Olhos fechados
Então se vá
Melhor é ficar

08 fevereiro 2013

E encontro-me como sempre em frente a uma tela branca e vazia. Um lugar onde escrevo e por assim dizer cubro de palavras onde até então não havia nada. O que isso significa? Significa talvez que esteja aqui pronta para escrever coisas que normalmente não fazem sentido a mais ninguém a não ser a mim mesma. E me pego escrevendo mais um vez sobre o ato de escrever.
De fato a escrita me fascina, mas o que significa quando me prendo a mesma e não encontro um assunto a ser debatido? Debato a todo tempo sobre temas depostos a mim por um segundo ou terceiro, ou as vezes até por mim mesma. De fato achar uma linha lógica ocorre muito melhor quando debatido com uma segunda pessoa, fazendo com que ocorra a maiêutica. Mas não é para dizer sobre isso que venho aqui. O fato é que quando me pego em frente a algo onde não foram depostas ideias ainda, não sei sobre o que escrever ou compartilhar. Isso ocorre o tempo todo.
Meu cérebro funciona vinte e quatro horas por dia, o que significa que ele nunca descansa. Isso é ruim? Não vejo nada de negativo nesse fato, pois novos temas surgem. Mas e sonhos? O que significam os sonhos que temos a cada novo sono? Nosso subconsciente, e mais que isso, nosso inconsciente guarda muito mais do que nossa capacidade pode enxergar. O que é uma pena, pelo fato de não enxergamos 90% do nosso eu. Jung disse que nosso "eu" é como uma rolha boiando num oceano do inconsciente, o que nos faz pensar que há muita coisa no escuro do que iluminada pela luz do nosso pensar consciente.

07 fevereiro 2013

Saiu dos olhos, desceu pelas bochechas, morreu nos lábios. Era assim, uma vinha em seguida de outra e assim por diante. Por mais que quisesse, elas não cessavam, queriam sair a todo custo, mas só quando estava sozinha. Demonstrar fraqueza na frente de alguém? Jamais... mas era assim, quando encontrava-se somente com sua companhia, se tornava fraca a ponto de deixar suas lágrimas caírem livremente de seus olhos. Motivo? Não, muitas vezes não havia um motivo de fato, e talvez fosse isso que a irritasse. Sua cabeça sempre se encontrava a mil, e normalmente os pensamentos intercalavam entre si e a deixava cada vez mais louca. Talvez estivesse de fato enlouquecendo. Ou talvez fosse o fato de não fazer absolutamente nada com sua vida e deixava pensamentos tolos lhe invadirem. Pensamentos sobre si, como é ruim pensar sobre si mesmo... Lutou com as lágrimas, as quais saíram perdedoras, limpou o rosto e deixou toda essa bobagem de lado.

05 fevereiro 2013

"Acredito que se há algum Deus, ele não estaria em nenhum de nós. Não em você ou em mim... mas nesse espaço entre nós... se há algum tipo de magia no mundo, ela deve estar na tentativa de entender e compartilhar algo."
Before Sunrise

04 fevereiro 2013

E nos sonhos é que a gente encontra, e inventa e se reinventa. A criação de nossas mentes sob a perspectiva de nossos olhos. E tudo é confusão.
Temos medo de nós mesmos, pois quando dormimos nos descobrimos, na forma do não saber. E me perco em desejos, medo e fantasia. Mas há momentos em que se mescla com o real. Será que estou sonhando?
Vem, pode entrar
Eu aceito a condição
De te esperar
Toda vez que você sai
Pra não mais voltar
Receba o perdão
De cada dia
Escute bem meu bem
Já não terá isso 
De mais ninguém
Sonhos se passaram
E cada gesto que aguardo
De você
Nem ao menos um olhar
Eu posso ver
A distância que nos separa
Mesmo quando estamos
Perto
Já é sua hora de partir
Mais uma vez lhe espero
Aqui

"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura."
Charles Bukowski

02 fevereiro 2013

29 janeiro 2013

E é tudo isso...

28 janeiro 2013

26 janeiro 2013

Já nem espero saber
São tantas coisas a dizer
Já não sei mais guardar
Só gostaria de controlar
Então eu te vi dessa vez
E as outras ficaram pra trás
Nem imaginava acontecer
Não sabia que tinha algo a mais
Era real o que eu sentia?
Era verdade aquilo que eu via?
Será que era certo o que acontecia?
Não sei! Pouco me importa!
Então te abracei dessa vez
E os outros ficaram pra trás
Então te beijei uma vez
Talvez eu queira um pouco mais
Confesso o meu medo
Mas quem consciente não teme?
Talvez seja a graça
Do que acontece quando se sente
Não quero me prolongar
Meu rosto já ferve sem te olhar
Não ria quando ouvir
A valsa que fiz pra quem me faz
Sorrir

24 janeiro 2013

Fitam-lhe os olhos
A sombra que se forma
E lhe assombra
Entre os sonhos que se perdem
Nesse olhar
Perdi-me
Em segundos que parecem
Não passar
E a cada passo, essa luz
Que escapa na janela
Veja ela, e me vejo
Aos sonhos a espera
No mesmo lugar
Esperá-lo-á o tempo
Esse tempo que me pára
E fico a te fitar
E sem que me dê conta
Os segundos se passaram

20 janeiro 2013

Deitada como de costume. Seus pés se encontravam apoiados na janela, suas mãos apoiando a cabeça para que pudesse enxergar melhor o tapete estrelado que se formava no céu. Seus olhos não se desprendiam de tal visão, até se fecharem.
De olhos fechados acompanhava a singela melodia que era produzida pelo vento. Em breves momentos acreditava seguir-se de fato um canto, um sopro, uma música. O som produzido pelo encontro do vento com seu filtro dos sonhos lhe proporcionavam uma sensação de prazer que não podia ser substituída por nenhum outro momento. Acreditava que a companhia de si mesma era a melhor companhia que poderia encontrar para tais momentos. Afinal, sua reflexão se dava ao fato de conversar consigo mesma e com o silêncio.
O silêncio era um bom amigo, um amigo presente de fato. Havia se acostumado com a presença do mesmo durante as madrugadas e o nascer do sol. Eram momentos onde de fato encontrava a paz. 

19 janeiro 2013

Talvez eu esteja sendo equivocada em alguns aspectos, mas no momento acabo de assistir "You don't know Jack", um filme lançado em 2010 com Al Pacino no papel do doutor Jack Kevorkian, um médico patologista que inventou a "máquina do suicídio", o que gerou bastante polêmica nos EUA na década de 90.
A questão é que a eutanásia, assunto debatido no filme é uma questão polêmica. Há questões religiosas envolvidas - quem diz que a vida foi dada por Deus, então somente o mesmo pode tirá-la - mas uma questão moral. Será que alguém tem o direito de ajudar o próximo a suicidar-se? (Nota: o termo suicidar-se é redundante, mas no momento isso é irrelevante). Bom, acredito que cada um tem controle da sua própria vida. Quantas vezes não vemos casos de pessoas que sofreram acidentes e ficaram em estado vegetativo? Isso pode ser chamado de vida? Acredito que não. A pessoa somente "existe", mas não leva uma vida normal.
Alguém que está em estado terminal, sem esperanças, somente com o sofrimento preenchendo essa passagem da vida para a morte, mas consciente de suas escolhas, pode sim decidir partir para outro plano sem dor. Sofrer sem viver, somente preso a esse mundo é um crime muito maior do que o suicídio assistido. O ser humano é consciente de suas próprias escolhas, e quando se trata da sua vida, ninguém deve decidir pelo mesmo.

17 janeiro 2013

MIRAGEM

Amar sem ver se vai doer
Nada que eu diga nessa canção
Mostra ou explica meu coração

Sem mais saber como dizer
Frases perdidas me levam ao chão
Você me leva sem direção

Vou pro seu mundo e vivo essa viagem
Por um segundo eu fico, só de passagem...
Miragem

Faz conhecer o prazer, o melhor sabor de amar
É descobrir, poder ver o que existe além-mar
E nessa viagem sinto meu mundo mais colorido
E agora eu já nem sei mais onde vai parar

Eu digo, se um dia eu não souber amar
Não puder cantar pelo seu melhor
Nesse dia eu não serei mais eu
Só serei um ser triste ao meu redor

http://www.youtube.com/watch?v=UbbdAnJsOCw

15 janeiro 2013

É uma sensação estranha de fato, não se sentir.
A água parecia não fazer mais efeito nenhum sobre seu corpo, o peso que fazia não mais existia. Talvez estivesse caminhando na lua, e na verdade a ideia de ter seu corpo mergulhado em algo era simplesmente o fato de estar mergulhada apenas no vácuo. Isso explicava não tocar o chão com os pés. Aliás, onde estava o chão? Havia se distraído em pensamentos como de fato acontecia, mas nesse momento não encontrava nem o chão que lhe apoiava.
Tentou voltar a superfície, mas essa também não existia, e por mais que seus braços e pernas trabalhassem, simplesmente não saíam do lugar. O ar já lhe faltava. O desespero a tomou. Abriu os olhos mas não enxergava, estava mergulhada na escuridão. O que mais poderia fazer? Deixou-se levar por toda a água que lhe abraçava.
O tempo passava, já não possuía oxigênio em seus pulmões, mas isso parecia não lhe incomodar. Aliás, nada que lhe proporcionara desespero certo tempo atrás parecia lhe assombrar. Não sentia mais medo, pois já havia se esquecido do chão, da superfície, da luz. Acostumara-se com tudo que não possuía, com tudo que não existia, e se encontrava em paz mergulhada no que de fato era o nada.

14 janeiro 2013

10 janeiro 2013

Vou sair por aí, abraçar o sossego. Internar-me em lugar nenhum onde o som que se faça rompa o silêncio que se transforma em melodia a cada dia que se passa deitada em uma rede presa a uma solidão de aconchego. Um aconchego nos braços das ideias, que resolveram abandonar-me por tempo indeterminado. Espero que não tenham ido embora de vez, afinal nem se despediram. Talvez tenha tirado férias pois até as mesmas precisam de descanso. Mas quando não se raciocina, a loucura aproveita a deixa para penetrar o espaço que parece vazio, e a lógica não existe num raciocínio lógico, afinal nada existe.
E se nada existe de fato? A ilusão que se faz parece fingir muito bem uma realidade inventada, pois me sinto presa sem perceber o que de fato é real. Não acompanho muito as palavras que decidem se formar em frases que não penso de fato. Esse transe me consome dia a dia.
Sinto-me amortecida, meu rosto, minhas mãos, meus pés, meu cérebro. Quando o cérebro amortece, o pensamento se forma de forma lenta. Então acho que cheguei ao fim desse problema.

09 janeiro 2013

E o corpo pede descanso
A alma pede que pare
Apenas por pouco tempo 
Para que possa se recuperar
E tudo é dito em versos
Pois o raciocínio fez greve da prosa
E na verdade nada tem coerência
São apenas palavras jogadas
E pensamentos que se seguem
Sem ser postos no papel
Por algum motivo que desconheço
Acordou, se mexeu um pouco na cama. O despertador tocou novamente, resolveu levantar. Colocou seu chinelo e seus pés o levaram ao banheiro. Urinou, lavou as mãos e o rosto, se olhou no espelho. A mesma imagem de todos os dias. O mesmo olhar cansado. A mesma cara abatida. Seguiu para a cozinha, fez um café e comeu uma torrada seca. Seguiu novamente ao banheiro e escovou os dentes. Foi para o quarto e se vestiu. Saiu de casa. Chegou ao ponto de ônibus e esperou por quinze minutos, e subiu no ônibus até o trabalho. Chegou no trabalho, passou o cartão e foi até o elevador. Subiu até o terceiro andar e seguiu até sua mesa. Durante o expediente atendeu algumas vezes o telefone, assinou alguns papéis e ficou na frente do computador. Quando deu a hora, desligou o computador, juntou alguns papéis levantou-se e seguiu em direção a saída. Passou mais uma vez o cartão e esperou pelo ônibus de volta para a casa. Chegou em sua casa, foi ao banheiro e tomou um banho. Fez algum prato rápido, comeu e assistiu o jornal na TV, desligou-a e se deitou.
Acordou, se mexeu um pouco na cama. O despertador tocou novamente, resolveu levantar. Colocou seu chinelo e seus pés o levaram ao banheiro. Urinou, lavou as mãos e o rosto, se olhou no espelho. A mesma imagem de todos os dias. O mesmo olhar cansado. A mesma cara abatida. Seguiu para a cozinha, fez um café e comeu uma torrada seca. Seguiu novamente ao banheiro e escovou os dentes. Foi para o quarto e se vestiu. Saiu de casa. Chegou ao ponto de ônibus e esperou por quinze minutos, e subiu no ônibus até o trabalho. Chegou no trabalho, passou o cartão e foi até o elevador. Subiu até o terceiro andar e seguiu até sua mesa. Durante o expediente atendeu algumas vezes o telefone, assinou alguns papéis e ficou na frente do computador. Quando deu a hora, desligou o computador, juntou alguns papéis levantou-se e seguiu em direção a saída. Passou mais uma vez o cartão e esperou pelo ônibus de volta para a casa. Chegou em sua casa, foi ao banheiro e tomou um banho. Fez algum prato rápido, comeu e assistiu o jornal na TV, desligou-a e se deitou.
Seguiram-se dias iguais, e uma rotina que não chegava ao fim. O tédio lhe engolia dia a dia e de maneira com que não percebia o que se seguia. Vivia assim sem reclamar, sem sentir nada, amorfo, apático perante o tempo que passava sem aproveitar.
Acordou, se mexeu um pouco na cama. O despertador tocou novamente, resolveu levantar. Colocou seu chinelo e seus pés o levaram ao banheiro. Urinou, lavou as mãos e o rosto, se olhou no espelho. A mesma imagem de todos os dias. O mesmo olhar cansado. A mesma cara abatida. Seguiu para a cozinha, fez um café e comeu uma torrada seca. Seguiu novamente ao banheiro e escovou os dentes. Foi para o quarto e se vestiu. Saiu de casa. Chegou ao ponto de ônibus e esperou por quinze minutos, e subiu no ônibus até o trabalho. Chegou no trabalho, passou o cartão e foi até o elevador. Subiu até o terceiro andar e seguiu até sua mesa. Durante o expediente atendeu algumas vezes o telefone, assinou alguns papéis e ficou na frente do computador. Quando deu a hora, desligou o computador, juntou alguns papéis levantou-se e seguiu em direção a saída. Passou mais uma vez o cartão mas chegando ao ponto de ônibus resolveu seguir a pé. Passou em frente a um bar e resolveu entrar. Pediu uma dose de uísque, depois mais uma e assim até chegar a sexta dose. Estava anestesiado. Não sentia seu corpo da mesma maneira. Foi então que passou por ele uma mulher. Exuberante de fato, farta, extremamente maquiada, que se sentou ao seu lado. Falava sem parar, tragava seu cigarro e soltava a fumaça na cara do homem que parecia não estar vivo de fato. Ria sem parar e algumas vezes tocava em seu braço de leve. O homem pareceu reagir com os toques, e em algumas horas de conversa levantaram-se do balcão e saíram do bar acompanhados um pelo outro. Seguiram a um motel próximo, e ali ficaram por duas horas. Ao sair sem se despedir, o homem atravessou a rua e nada mais viu.
Não acordaria no dia seguinte.

07 janeiro 2013

O cheiro. O abraço. O beijo. O olhar - talvez eu fique horas apenas com esse olhar. As brincadeiras. As conversas. A amizade. A energia. A beleza. A inteligência. O potencial. O argumento - e do outro lado a falta dele. O carinho. O afeto. A atração. O caos e a paz. O confuso. O aprendizado. O ensinamento. A sensação. O pensamento. O sentimento. O simples fato de bem estar pela companhia.
A não-ilusão, por saber que todos são motivos reais que completam esse raciocínio e me fazem concluir os porquês para a questão deposta. E era apenas isso que eu tinha para dizer. Encontro-me em harmonia.

05 janeiro 2013


Começo mais uma vez sem saber ao certo sobre o que dizer. Talvez tudo que eu escreva comece por aí, mas a verdade é que em algum momento aqui em meio as palavras, alguma ideia há de surgir. Não tenho muito nada de poético para dizer, e muito menos de intelectual, mas algumas loucuras - ou às vezes apenas pensamentos comuns - fazem com que eu queira marcar aqui algo que não sei bem o que é.
Odeio ser interrompida no meio de um raciocínio, pois parece que ele foge - e pior, demora para voltar. E é exatamente assim que me sinto agora. Poderia pensar e escrever em alguma hora do dia, mas não tenho mais muitas horas do dia livre, isso me perturba. Não encontro mais muito tempo para pensar, e isso me irrita profundamente. Aliás, me encontro em uma fase muito fácil de ser irritada. Uma pessoa irritável talvez. Não posso dizer que isso seja bom.
Somos responsáveis inteiramente pelos nossos atos, e quando nos comprometemos com algo, nosso compromisso deve ser cumprido. Talvez eu só queira fugir. Acho que vou me internar nas montanhas ou algo parecido. É uma boa ideia, talvez. Mas realmente as montanhas parecem muito acolhedoras nas fotos, e uma casinha com lareira também. Enfim, meu raciocínio não parece muito lógico, e peço desculpas por isso - na realidade não peço, não tem muito porque pedir desculpas, apenas quero escrever, e quem por ventura ler é porque quer ler, então não me desculpo. 
Sinto-me cansada, e no caso minha cama parece um lugar muito convidativo. Talvez eu me interne lá por um ou dois dias sem contato com qualquer alma de qualquer lugar. Sem contato com o mundo exterior. Mas de uma certa forma não me sinto feliz confinada dentro do meu quarto nem da minha casa. Não quero me sentir como um animal em cativeiro. Quero fazer o que tenho vontade. Mas... o que tenho vontade? Bom, pra começar, tenho vontade de escrever tudo que está escrito aqui, e assim começar o ano de 2013 dizendo algo que gostaria de dizer. Talvez seja isso mesmo, e eu precise dizer e fazer coisas que sinto vontade. Talvez eu faça isso, mas por hora, vou apenas deitar-me e descansar.

04 janeiro 2013

Tô pensando em fugir,
Ir pra lugar de ninguém
Mas não sei como agir,
Ajo como me convém
Só preciso avisar
Pra não preocupar ninguém,
Mas se avisar vão tentar
Falar "nem vem que não tem"
Vou sair na calada
Da noite pra ninguém notar,
Só te aviso é pra você
Não se preocupar.
Relaxe que uma carta
Há de eu mandar,
Mas se quiser pode vir
Mas as coisas vai ter que deixar
Pras trás
E não olhar jamais
Pra lá...
Só eu sei que as coisas são tão passageiras,
Já sonhei com minha vida inteira,
Só não quero que pensem besteira
Por isso já não quero mais,
Não ligo de deixar pra trás.
Tem um lugar no carro se quiser,
Só busque os livros e o cigarro que tiver.
Já peguei as malas e paguei a gasolina,
Se mudar de ideia e ficar
Sei que vai encontrar outra menina...
Você decide se vai ou se fica
Não vou mudar de ideia agora.
Faça o que não te prejudica
Já deu a minha hora
Mas eu sei que você também
Quer ir
Embora...